Social
A ameaça de plástico saltou fronteiras e já está no Atlântico

A ameaça de plástico saltou fronteiras e já está no Atlântico

A área de Portugal, Espanha e Andorra não chegam para preencher a mancha de plástico microscópico do oceano. E há outra no Pacífico!

“A era do plástico vai levar ao suicídio da espécie humana.” Sem reservas, o investigador norte-americano Charles J. Moore lança o vaticínio, 15 anos após a descoberta da chamada “Ilha de Plástico do Oceano Pacífico” – uma área de mais de 690 mil quilómetros quadrados, entre a América do Norte e a Ásia, composta por pedaços de plástico de várias dimensões que flutuam à deriva e que matam anualmente mais de um milhão de aves e espécies marinhas. Um problema que já nos bateu a porta e chegou ao Atlântico.

“O paradigma económico obriga-nos a agir de um modo suicida. Agimos dessa forma enquanto espécie apenas para promover crescimento económico, o que é uma loucura. A menos que mudemos esse paradigma, não temos hipótese”, disse Moore ao i. O investigador também é adepto da navegação e, em 1997, participava numa corrida de barcos centenária no Havai quando se deparou com a acumulação de milhões de pequenas partículas de plástico no Pacífico. Passados dois anos, Moore usou métodos científicos para calcular o rácio entre plástico e plâncton na região e chegou a um resultado de seis partes para uma, vantagem para o plástico. “Dez anos mais tarde voltámos ao local e descobrimos que o lago tinha aumentado substancialmente e que o rácio tinha passado para 36 partes de plástico para uma de plâncton”, recorda o investigador.

Problema Global Na última década e meia, o investigador tem-se multiplicado em palestras sobre o tema. Em Setembro parte para mais um roteiro com passagem pelo Japão, China, Austrália e Nova Zelândia, sinal de que a questão é universal. “O saco de plástico é muito útil e prático, mas usá-lo só uma vez e deitá-lo fora não faz sentido porque o petróleo é um recurso natural não renovável”, sublinha ao iRui Berkemeier, um dos fundadores da Quercus. “As gerações vindouras vão rir-se com a forma como desbaratámos esse recurso”, antevê o investigador e um dos actuais coordenadores da associação.

Para já, estamos demasiado centrados nas preocupações do dia-a-dia, que nos impedem de ver mais adiante. “Vivemos na era do plástico, em todos os aspectos da nossa vida ele está presente e assumíamos constantemente que era um material inerte”, diz Moore. “Mas esta revelou ser uma falsa assunção, porque o plástico é muito bioactivo”, esclarece o investigador.

Não será preciso esperar para assistir às consequências da existência destas partículas de plástico – a maioria com menos de três milímetros. “Isto está a matar o oceano, haverá colapsos de espécies inteiras, centenas de milhares de mamíferos a morrer todos os anos”, garante Moore, que tem testemunhado de perto esta realidade. “Não podemos fazer isto ano após ano e esperar que essas espécies sobrevivam”, sublinha.

As consequências de se utilizarem os oceanos como um caixote de lixo global recaíram em primeiro lugar sobre os peixes de menor dimensão, que se alimentam do plástico julgando tratar-se de plâncton. A partir daí, a cadeia alimentar foi seguindo o seu percurso natural, até que o ciclo se encerrou quando a questão voltou a focar o ser humano. “Esta realidade afecta todo o ecossistema, e o homem, quer queira quer não, faz parte desse ecossistema. Estando afectado, isto vai causar-lhe problemas, pelo desaparecimento de espécies. Há uma cadeira que fica partida”, esclarece Rui Berkemeier.

Trinta quilos de plástico no estômago de um camelo na África do Sul, pedaços de plástico dentro de ovelhas e bodes no Irão, baleias e golfinhos cujo plano alimentar já integra este derivado do petróleo. Nada que cause estranheza a Charles J. Moore que se refere a esta questão como “um tema subdocumentado globalmente”. E ainda será “preciso percorrer um longo caminho antes que se verifiquem algumas melhorias. Vai ficar muito pior antes que fique melhor”, garante o fundador da Algalita Marine Research Foundation.

Novo vizinho no bairro Durante mais de dez anos a atenção esteve centrada nos detritos de plásticos existentes no Pacífico. Mas há dois anos, uma equipa de cientistas documentava pela primeira vez a existência de uma área semelhante no Oceano Atlântico, colocando os Estados Unidos entre as duas manchas de plástico no mapa e mostrando ao continente europeu que o problema também lhe diz respeito.

“Temos estilos de vida, por todo o mundo, em que as pessoas lançam de forma rotineira plástico para o ambiente”, lamenta Moore. Não admira por isso que a quantidade de detritos analisada tenha vindo a aumentar continuamente, desde que a ilha de plástico foi descoberta. E apesar de todos os dados trazidos a público sobre as consequências deste problema, a questão “ainda não atingiu o nível” em que se consiga um acordo internacional para definir um plano de acção, aponta o investigador americano.

“No nosso país, esteve para sair legislação que obrigava a que, gradualmente, os supermercados deixassem de oferecer os sacos e, na altura [durante o último governo socialista], PS e PSD acabaram por recuar e não aprovaram essa legislação”, refere Rui Berkemeier.

Legislação Mudar a lei e proibir a disseminação facilitada de plástico seria uma resposta – já utilizada na Irlanda – para que os mares se tornassem progressivamente mais limpos. Outra hipótese é a renovação de hábitos, mas “os comportamentos não são fáceis de mudar. Se todo o esquema à nossa volta nos induzir no comportamento errado – que é o que se passa hoje, ainda que não tanto como antes –, por mais consciência que as pessoas tenham torna-se complicado”, resume o ambientalista Rui Berkemeier.

Fonte: iInformação

5 Comentários neste artigo

  1. Têm razão…e vamos para a epoca do peixe pau o que nos condiciona a pesca, o peixe com a barriga cheia não pega em anzois. Mas por contario o peixe fica mais bonito no Verão… temos que estar com sintonia com o ambiente que nos rodeia aproveitando esses pequenos sinais para que possamos ganhar o nosso pão. Com respeito ao lixo faltou dizer que claro sempre que se vê no mar lixo não custa muito pegar com um pexeiro pode sim encher o barco mas o ambiente agradece e nunca se sabe se não é a nos que calha na volta para traz um cabo ao helice. Prevenir e não querendo que aconteça aos outros porque também mesmo finguindo que na viu sabem o que aconteçe já se sabe um reboque, ao nosso colega (vimos, desviamos dos cabos e linhas vai o outro …) vamos ajudar uns aos outros!!!

    Responder
  2. Sr Lula, eu não sei o que nos espera, mas não deve ser nada de agradavel…por onde ando não vejo carapau, falta chicharro, sardinha, o que demonstra que houve qualquer coisa nestes mares que impediu que houvesse desova..isso é muito preocupante, porque pode ter afetado varias esepcies… e ninguem sabe quais são os reais efeitos…dentro de pouco tempo vamos andar a pesca o pouco goraz que ainda vai aparecendo, em perido de desova, ….vais er mesmo para acabar com o resto….não qeuro ser pessimista, mas gostaria que todos os companaheiros falassem num só voz e que ohassem para o futuro…se não mudarmos agora o futuro está lixado….

    Responder
  3. Bom Dia meus sr´s gostei muito de lêr as vossas entrevesões…e ambos têm razão no que dizem e apelo mais uma vez aqui ou mesmo junto ás gentes do mar que não se deita nada borda fora e como mestre não deixo e tenho um saco onde são depositados os recepientes que são lixo, para quando se chegar a terra um marinheiro deita no contentor do lixo mas… nesses mares vê-se de tudo não só lixo produzido no mar, há as ribeiras que trazem muito lixo o calhau têm lixo que encalhou do mar mas também deixado por quem pensa que o mar leva e ninguem sabe…é uma tristeza ver como as pessoas são descuidadas é fundamental implantar uma politica de bons custumes não se deita nada para o mar ou mesmo calhau, falezias, ribeiras, etc o nosso futuro já por si proprio está muito comprometido com todos os factores que adevem ás más praticas ambientais.
    Aprendam, ensinem, divulgem as boas práticas, pois fica tão feio ver com hoje vi 4 ou 5 garrafas de cerveja ao de cimo de água mesmo junto a lota fica tão lindo chinelos a boiar, entre outras coisas até já vi uma garrafa de gás é incrivel como as pessoas são…nunca é tarde para mudar e todos juntos todos unidos não deixando que o façam e chamando a atenção porque em casa não fazem o lixo que fazem quando estão juntos dos amigos e companheiro. Com respeito aos pargos ,rocazes e afins é uma grande, e triste realidade com é possivel, não se entende como isso aconteçe e os tamanhos não respeitam nada, matam e trazem para dentro descarregando na lota tamanhos que…matam os peixes pequenos dizendo que dá no posaima mas que tolos não estão a ver que estão matando o futuro o nosso futuro o nosso pão? A vida não se ganha só hoje comem tudo hoje amanhã não tem nada, nada só resta a conciênsia de todos nós. o sr. pasmado e o sr.martins estiveram bem focando o que é importante não vamos estar aqui com palmadinhas nas costas e risinhos vamos todos denunciar o que está mal. OBrigado!

    Responder
  4. O que me preocupa, é que pelos vistos, as pescas nos AÇores estão muito bem… Ninguem que é profissioal da pesca quer admitir que as pescas estão mal, que a culpa é do pescador e que o pescador tem de ter a incitaiva de fazer algo de válido para defender o peixe que resta, cumprir com os tamanhos do pescado, defesos etc. Ninguem acredita em nada ..o Condor estar está fechado , mas ninguem acredita que não se pesca lá….as tres mlhas para o plangre existem á anos, mas são poucos que cumprem e ninguem quer acabar com isso… è pargos e Rocazes aos montes pelas Lotas dentro de Palangres, Meros, mas ninguem quer saber…Esta tudo bem…enquanto nos forem dadando os Subsidios de Gasoleo, Posei e e para ajudar a pagar os seguros dos maritimos…está tudo bem…comprar embarcações sem dinehrios, com um fiança como a Lotaçor, e depois andam a fugir á lotaa pesca para não pagar a sua parte…são sasa de apresto sem se gastar um euro, luz ou agua, tudo á borla….é uma festa, é subsidio depedentes, mas está tudo bem….Um dia fecham a torneira e vão ver que não está tudo bem… Mas neste forum existme muitos entendidos e pescadores de elevada categoria que acham que isto é tudo conversa…e que eu fraco pescador não sei o que digo…Agora temso eleições,vamos ve rquem nos calha na rifa, …espero que seja alguem que queir mudar o rumo dsito …e ponha esses entendidfos que não querem que nada mude na parteleira….O Futuro da pesca, passa pela envolvencia do pescador nas decisões, mas de forma sensata e acabar e por na parteleira tipos de Rabo de Peixe que espirram no Porto e toda gente fica com medo…a esses pitrtas que vem pescar par ao grupo central e limpa norte de S. Jorje , juntament com uns tipos lá de S. mateus da TErceira que rapam isto tudo….até tem cx azul pelo que sei, mas não serve de nada….

    Responder
  5. Costumo vir a este site com alguma regularidade e tenho achado curiosos alguns comentários. Tenho reparado que só determinados assuntos é que são dignos de serem comentados por algumas pessoas. No entanto assuntos como esta notícia ou com a notícia das redes com um sistema de fuga, que podíam e devíam ser comentados pelos profissionais da pesca/mar, ninguém tem nada a dizer. Não entendo como é que um assunto como este do lixo, que tanto afecta o peixe que se consome, de tal maneira que qualquer dia vem mais plástico nos aparelhos de pesca do que peixe, e ninguém faz qualquer tipo de comentário!!
    Os senhores que andam no mar e que fazem dele o seu local de trabalho, o que têm visto no mar? Confirma-se que ao longo dos anos se tem visto mais lixo a flutuar? Costumam ter algum cuidado com o lixo que produzem quando estão no mar? Se não, então mas porquê? Não estão minimamente preocupados?
    Digam alguma coisa sobre este assunto, falem sobre a vossa experiência no mar… Quem são no fundo os responsáveis pela quantidade de lixo que é deitada ao mar? É a população de uma forma geral? São os profissionais do mar? Ohh já sei…será o DOP que deposita lixo para que hajam estudos sobre poluição?(eheheheheh)

    Obrigada 🙂

    Responder

Deixe um Comentário