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Central das Ondas do Pico “tem condições para ser bandeira tecnológica dos Açores com visibilidade à escala mundial”

Central das Ondas do Pico “tem condições para ser bandeira tecnológica dos Açores com visibilidade à escala mundial”

O Centro de Energia Offshoe WavEC, que considera a Central das Ondas do Pico de 400 KW o seu “bem mais valioso” que “fornece experiência de campo e actividades de monitorização importantes para a equipa do WavEC e investigadores convidados”, abriu agora concurso para um biólogo marinho integrar na sua equipa de Ambiente Marinho e Políticas Públicas.
O seu objectivo é “incrementar as suas competências na área da identificação, avaliação e monitorização de impactos das tecnologias em geral e no apoio à selecção e caracterizacão de locais para instalação de parques offshore de energias renováveis marinhas e de sistemas de aquicultura.
O WavEC, Centro de Energia Offshore, é uma entidade dedicada à promoção e desenvolvimento de tecnologia marinha (energia renovável, aquacultura, engenharia de soluções especiais) incluindo a avaliação e monitorização dos impactos no meio marinho.

 

Uma de duas da Europa

A Central de Ondas do Pico, a mais antiga em operação e uma das duas actualmente operacionais na Europa, foi concebida na década de 90 como um dos primeiros projectos piloto de investigação nesta área, co-financiada pela Comissão Europeia, com o objectivo de demonstrar a viabilidade técnica da energia das ondas numa pequena ilha, ligada à rede eléctrica.
Tem sido uma preocupação do WavEC, entidade gestora da Central do Pico desde 2004, trabalhar “numa visão de futuro” para a central: Uma infraestrutura de demonstração e testes integrada em redes de investigação e um elemento dinamizador de lazer científico que, articulado com outros pontos de interesse na Região, pode ser promovido na ilha do Pico.
Segundo a WavEC, este é um projecto que “tem condições para ser uma bandeira tecnológica dos Açores, com visibilidade à escala mundial e com impacto no desenvolvimento técnico-científico da região”.

 

Projectos de investigação

Actividades relevantes de investigação podem ser mencionadas no âmbito dos seguintes projectos de investigação:
DEMTEC (PRIME) – Min. Economia), 2004 – 2006: Projecto nacional com co-financiamento privado para recuperar/substituir componentes originais da central, dando início ao programa de teste e arranque da central;
Wavetrain (FP7), 2008 – 2012: Projecto de intercâmbio de jovens investigadores de instituições europeias; possibilitou a contratação de dois engenheiros, desde 2008, para operar a Central do Pico; foram organizados dois cursos de formação de 30 investigadores internacionais na Ilha;
Equimar (FP7), 2008 – 2011: Projecto europeu em que foi desenvolvido um conjunto de protocolos de boas práticas na área da energia dos oceanos. A Central foi das poucas infra-estruturas que forneceu dados operacionais reais no âmbito deste projecto;
WEAM (FCT), 2008 – 2011: Projecto de investigação nacional, no âmbito do qual foi desenvolvida uma metodologia de medição de ruído submarino de centrais de energia das ondas e seu potencial impacto em cetáceos. Esta metodologia foi testada pela primeira vez na Central do Pico;
MariNET (FP7), 2011 – 2014: Rede europeia de 40 infra-estruturas de teste relevantes para a energia dos oceanos, na qual se inclui a Central do Pico, única central de energia das ondas à escala real. No âmbito deste projecto a central recebeu uma delegação irlandesa em Outubro 2013.
OCEANET (FP7), 2013 – 2016: Rede de Formação na energia das ondas e eólico offshore, gerida pelo WavEC e que reúne 10 parceiros Europeus e oferece 13 oportunidades de emprego e formação a jovens investigadores durante 36 meses nas instituições parceiras do projeto. O projecto inclui actividade de investigação na Central do Pico.
A WavEC considera “importante realçar” que a Central do Pico, “embora com algumas debilidades” que a empresa “tem vindo a reduzir, ano após ano, e que caracterizam este tipo de tecnologias embrionárias, é uma central que disponibiliza dados de operação e treino a jovens investigadores.
“Tem, além disso, possibilitado adquirir grande experiência em projecto, componentes, operações de manutenção e aquisição e tratamento de dados em condições reais. Esta experiência pode ser transposta para qualquer outro tipo de projetos em larga escala, no offshore”, conclui.

 

Os altos e baixos da actividade da central das ondas do Pico ao longo de onze anos

2003 – A construção da Central de Ondas do Pico ficou concluída em 1999. Este foi o primeiro projecto-piloto financiado pela Comissão Europeia nesta área e teve o apoio do Governo Português, EDA e EDP. Verificou-se um relativo abandono entre 2000 e 2003, decorrente de insuficiente financiamento para resolver problemas típicos de uma tecnologia incipiente.
2004/2006 – Desenvolvimento do programa de recuperação da central, um projecto financiado a 3 anos pelo programa DEMTEC (PRIME – Ministério da Economia) e por um consórcio de associados do WavEC.
2007/2008 – Retoma do funcionamento da Central do Pico. Detecção e procura de solução de graves problemas de vibração do grupo turbo-gerador que levaram novamente à paragem da Central.
2009 – Resolução do problema de vibrações do grupo turbo-gerador e activação do modo automático de funcionamento da Central. No primeiro teste, consegue-se 100 horas consecutivas de funcionamento. Primeiro curso de âmbito internacional a jovens investigadores inserido no Projecto Europeu Marie-Curie Wavetrain.
2010 – Melhorias substanciais no funcionamento da Central: 1.400 horas /ano de produção. Assinatura do contrato com a EDA para venda da Electricidade. A primeira facturação verificou-se em Julho deste ano. Ocorre, então, a visita de uma Delegação Coreana (MOERI) responsável pelo desenvolvimento de um projecto semelhante e assinatura de contrato de transferência de tecnologia.
2011 – Melhoria na aquisição de dados e sistema de controlo. Ocorrência de danos no estator e no sistema eléctrico. São efectuadas obras de reabilitação profundas para resolução de problemas de corrosão/degradação.
2012 – Novamente operacional: Março, um mês de produção relevante, 3790 kWh. Fim do Projecto Wavetrain, que financiou os recursos humanos na Central nos 5 anos anteriores. Lançamento da campanha Save the Pico Plant. Surge a proposta de inclusão da central num roteiro de turismo científico e de um centro de interpretação sobre a energia das ondas.
2013 – Ao abrigo do Despacho conjunto que reconhece que a actividade desenvolvida pelo WavEC é de natureza científica, para efeitos do Estatuto do Mecenato Científico, foi feito um esforço de angariação de fundos para a Central do Pico, que tem um grande peso na estrutura orçamental do WavEC. A EDA fez um donativo de 50.000€ no âmbito da campanha Save the Pico Plant.
2014 – Melhorias na operacionalidade da Central.

 

WavEC, Offshore Renewables 

O ‘WavEC, Offshore Renewables’ é uma associação privada sem fins lucrativos, criada em 2003 para desenvolver a sua actividade segundo três eixos: a investigação aplicada, a consultoria e actividades pró-bono, nomeadamente a disseminação e promoção das oportunidades associadas ao desenvolvimento precoce da energia renovável marinha no País, junto de empresas, administração pública e público em geral e também a formação de jovens no âmbito de estágios curriculares e formação avançada, incluindo teses de mestrado e doutoramento.

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