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Estaleiros Navais de Peniche “em situação económica muito difícil” com crise de Angola

Estaleiros Navais de Peniche “em situação económica muito difícil” com crise de Angola

Os Estaleiros Navais de Peniche (ENP) encontram-se em “situação económica muito difícil” agravada pela crise em Angola, o seu principal mercado, motivo pelo qual avançaram para tribunal com um Processo Especial de Revitalização (PER).

No requerimento enviado para tribunal a solicitar o PER, e a que a agência Lusa teve hoje acesso, a administração dos ENP qualificam de “muito difícil” a sua situação económica, depois de em 2014 terem passado por processo de reestruturação, com a entrada de novos acionistas e com a dispensa de 40 colaboradores por mútuo acordo.

No documento, datado de 21 de março, os ENP referem que “o ano de 2015 foi marcado pelas dificuldades sentidas em Angola, em virtude da quebra do preço do petróleo no mercado internacional, principal fonte de divisas para a economia daquele país”.

As dificuldades da economia angolana “levaram à impossibilidade de abertura de cartas de crédito, o que inviabilizou o arranque das novas construções contratadas” aos ENP.

Sendo Angola o seu principal mercado, a empresa veio a deparar-se com “dificuldades na obtenção de negócio”, que agravaram os problemas que a empresa vinha a sentir desde 2014 devido à crise económica e financeira em Portugal.

Os problemas têm resultado em “falta de liquidez”, tornam difícil sustentar os custos e cumprir acordos celebrados com fornecedores, bem como aceder ao crédito.

A empresa, detida em 55% pela sociedade Ultra Ratio e em 45% pela AMAL- Construções Metálicas, possui mais de centena e meia de credores e dívidas de 20,6 milhões de euros, dos quais 674 mil euros aos 54 trabalhadores, de acordo com a lista de credores que consta do PER.

No final de 2014, a empresa atingiu um volume de negócios de 2,8 milhões de euros, registando uma quebra significativa face aos últimos anos (4,8 milhões em 2013 e 11,4 milhões em 2012). De acordo com o Relatório de Contas desse ano, a que a Lusa teve acesso, 44% das vendas de 2014 derivaram da exportação.

Em 2014, ano da reestruturação, os ENP fecharam o ano com um prejuízo de 3,3 milhões de euros, superiores aos 1,5 milhões de euros negativos de 2013.

Nesse ano, o passivo atingiu os 17,9 milhões de euros, acima de 2013 (16,6 milhões de euros), superando os ativos de 7,1 milhões de euros em 2014 e os 9,1 milhões de euros de 2013.

A situação de insolvência veio a ser declarada a 24 de março, estando a decorrer desde sexta-feira o prazo para os fornecedores com dívidas a haver se constituírem como credores e virem a decidir sobre o futuro da empresa.

Fonte: RTP

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