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LOTAÇOR ABRE ESPADA PESCAS A ASSOCIAÇÕES E FRETA BARCOS

LOTAÇOR ABRE ESPADA PESCAS A ASSOCIAÇÕES E FRETA BARCOS

A empresa Espada Pescas – Unipessoal, Lda. vai lançar um anúncio público a promover o fretamento das suas embarcações. E o Governo dos Açores está a equacionar a entrada do setor associativo no capital social da empresa de comercialização de pescado.

Detida a 100 por cento pela Lotaçor, S.A., empresa pública que gere a rede de lotas e de frio na Região Autónoma dos Açores, a Espada Pescas possui três barcos cabinados, licenciados para pesca com salto e vara e peixe espada preto – duas com 20 m e uma com 11,90 m (uma das quais sairá do estaleiro em março).

O objetivo é “reduzir os custos inerentes e associados que a Espada Pescas suporta atualmente com a exploração das embarcações, assim como centrar a atividade da empresa no fundamento que levou à sua criação: a intervenção no mercado, de molde a promover a valorização do pescado com menor cotação, assim como nas ilhas onde o circuito da comercialização apresenta maiores dificuldades, por escassez de compradores, como são os casos de São Jorge e das Flores”, admite Luís Costa, diretor regional das Pescas. 

Pretende-se também “dar oportunidade a armadores e pescadores da Região de poderem ficar com a exploração dessas embarcações; isto porque os fundamentos para o qual foram construídas estão devidamente cimentados no desenvolvimento das pescarias alternativas, como é o exemplo da pescaria do peixe-espada preto”, explica.

A criação da empresa Espada Pescas gerou desde logo alguma polémica. Ainda em janeiro deste ano, Artur Lima, do CDS-PP, defendeu a “entrada de capitais privados na Espada Pescas e a reformulação da sua atividade”, de forma a garantir que a empresa não faça “concorrência com privados”.

Lotaçor em dificuldades

O Tribunal de Contas (TC) considera que a Lotaçor poderá ver-se forçada a um saneamento económico-financeiro no curto prazo, uma vez que o financiamento bancário de longo prazo tem estado a ser substituído por financiamentos de curto prazo e que há já “um desequilíbrio estrutural da adequação das fontes de financiamento relativamente às suas aplicações que, a continuar levará, nos próximos anos, a Lotaçor, a debater-se com significativas carências de tesouraria e a suportar maiores encargos financeiros (juros e comissões)”.

Isso mesmo se pode ler no relatório da auditoria do TC à Lotaçor (referente aos anos de 2009, 2010 e 2011), documento que o Tribunal de Contas ainda não disponibilizou no seu site, mas a que a Antena 1 já teve acesso.

No mesmo documento, explica-se que, enquanto o passivo não corrente (prazo superior a um ano) tem vindo a diminuir (em 2009 era de 16,4 ME e em 2011 de 9,7 ME), o passivo corrente (prazo inferior a um ano) duplicou em 2011: em 2009 era de 13 ME e em 2011 passou a 24 ME (representando 71% do total passivo).

Foi nesse ano que o Governo Regional (o único acionista da Lotaçor) aumentou o capital social da empresa em 1 milhão de euros. E foi esse aumento de capital que permitiu atenuar os prejuízos de 1,3 ME de 2010, tendo em 2011 a empresa conseguido um resultado positivo da ordem dos 543 mil euros.

As dificuldades de tesouraria levaram mesmo a empresa a reter, nos três anos analisados, as verbas referentes ao Fundopesca.

O TC reporta ainda que entre 2009 e 2011 a empresa beneficiou de apoios públicos no valor de 19 ME concedidos pela Região e pelo Fundo Europeu de Pescas. E afirma que o financiamento da atividade da Lotaçor está muito dependente de capitais alheios, nomeadamente de empréstimos bancários – 18 ao todo ( 7 créditos no valor de 18 ME para investimentos, nomeadamente em portos; e 11 créditos para necessidades de tesouraria no valor de 13,3 ME.

A gestão da Lotaçor enfrenta dificuldades ainda tendo em conta o seu relacionamento com clientes e fornecedores. Em 2009, a empresa pagava a fornecedores de pescado a 29 dias e exigia o pagamento dos clientes de pescado ao fim de 52 dias. No entanto, em 2010, passa a pagar a pronto aos fornecedores (dois dias) e alarga o prazo de recebimento dos clientes a 100 dias (média). Por outro lado, em 2011 o crédito concedido a clientes superava sete vezes o volume de vendas e prestações de serviços da Lotaçor.

As empresas participadas Santa Catarina e a Espada Pescas têm visto aumentar os apoios concedidos pela Lotaçor – só em 2011, Santa Catarina recebeu cerca de 9 ME e a Espadas Pescas 2 ME, num total de 11,4 ME. E até a Porto de Abrigo tem recebido desde 2006 apoios da Lotaçor, substituindo-se inclusive à cooperativa no pagamento de salários (crédito, concedido em numerário e na qualidade de avalista de letras, deverá rondar os 750 mil euros), mas o Tribunal de Contas considera que a concessão desses créditos “não se enquadra nas boas práticas de gestão de empresas públicas”. O TC questiona como vai a Lotaçor recuperar esses créditos estando a Porto de Abrigo em processo aparente de insolvência.• 

Fonte: AO / Paula Gouveia in Associação de Comerciantes de Pescado dos Açores

4 Comentários neste artigo

  1. André Lobão

    Entreguem o negocio de pescado aos Pescadores. Conforme a legislação

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  2. António Pereira

    Sou encartado o suficiente e obtenho conhecimento de pesca para fretar e governar, tenho preferência pela embarcação de 11,90. Meu contacto 913056440

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  3. F.B.L Sao miguel

    boas tardes…..
    Assim como eu com intençao de entrar no ramo das pescas pois trabalho nisso ha algum tempo gostaria entrar na exportaçao de atum…..
    nao vale a pena pois o governo so da apoio a quem nao precisa…..

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  4. A barcos a mais, e recursos de pesca a menos. Seria melhor repensar a politica de pesca para os Açores.

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