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Tiago Pitta e Cunha é o vencedor do Prémio Pessoa

Tiago Pitta e Cunha é o vencedor do Prémio Pessoa

Administrador da Fundação Oceano Azul, antigo conselheiro da Presidência, Pitta e Cunha foi considerado pelo júri “uma das personalidades mais relevantes” no pensamento e ação sobre Mar e Oceanos.

O júri decidiu assim distinguir o antigo conselheiro do Presidente Cavaco Silva para os assuntos do mar. Tiago Pitta e Cunha, de 54 anos, passou também por Bruxelas, em particular pelo gabinete do Comissário Europeu para os Assuntos Marítimos — onde coordenou a Política Marítima Integrada da União Europeia — e pela ONU, onde representou Portugal e a UE em diversos organismos internacionais dedicados aos assuntos marítimos.

Licenciado em direito, nascido em Lisboa, Pitta e Cunha é o Administrador Executivo do Conselho de Administração da Fundação Oceano Azul desde a sua criação, em 2017. Trata-se de uma entidade sem fins lucrativos, que visa contribuir para a conservação e utilização sustentável dos oceanos e para servir de suporte à definição de “políticas que permitam a coexistência do desenvolvimento humano com a proteção dos oceanos”.

Crítico da forma de governação atual do mar, também defensor da ideia de que “a evolução da nossa espécie foi sempre uma luta desenfreada contra a natureza” e de que “estamos num momento crítico” — como explicava em 2019 em entrevista ao Observador — Pitta e Cunha tem vindo a alertar também contra os efeitos nocivos da produção de plástico. Nessa entrevista, sugeria mesmo: “Tem de ser mais caro produzir plástico”.

“Talento e saber” que servem “causas públicas de valor universal”

Tiago Pitta e Cunha foi considerado pelo júri do Prémio Pessoa, que divulgou publicamente a ata da decisão, como “uma das personalidades mais reconhecidas e relevantes — em Portugal, na Europa e no plano internacional — na luta pela necessária mudança de atitude das sociedades humanas em relação aos assuntos do Mar e dos Oceanos“.

A sua visão transformadora envolve as políticas públicas, mas também os valores éticos, as atitudes, os comportamentos que são gerados pela cultura, pela educação, pelas novas exigências de literacia científica, que a complexidade do nosso tempo nos exige”, lê-se ainda na ata do júri.

Os jurados defendem ainda que “os assuntos do Mar e dos Oceanos têm estado presentes” na atividade profissional de Tiago Pitta e Cunha “com a intensidade de uma escolha vocacional”, lembrando que desempenhou “cargos nacionais e internacionais, nomeadamente na ONU, na Comissão Europeia e como Consultor do Presidente da República”.

Elogiando “o rigor e a persistente coerência de mais de duas décadas e meia dedicadas integralmente a trazer a importância do Mar para a agenda política e cultural nacional, europeia e global“, o júri do Prémio Pessoa enaltece ainda Tiago Pitta e Cunha pela “unidade entre pensamento e ação” e por “uma liderança baseada no exemplo e na partilha de responsabilidades”.

Na ata lê-se ainda que Tiago Pitta e Cunha e a Fundação Oceano Azul “têm impulsionado a criação de alianças entre múltiplos interesses públicos e privados, traduzindo-se, em especial mas não exclusivamente, na criação de vastas áreas de proteção dos ecossistemas marinhos, contrariando a tendência ainda dominante para a sua degradação”.

O atual Administrador Executivo do Conselho de Administração da Fundação Oceano Azul é ainda elogiado pelo trabalho já feito pela Fundação em 2021. Nomeadamente, pela “proposta, cientificamente fundamentada, de criação de uma Área Marinha Protegida de Interesse Comunitário, o Parque Natural Marinho do Recife do Algarve – Pedra do Valado”, pelo “alargamento da Área Marinha Protegida das Selvagens, a maior do género no Atlântico Norte” e pelo “anúncio, em 3 de Dezembro, pelo Governo Regional dos Açores, do objetivo de criar, até 2023, uma vastíssima Área Marinha Protegida de 300 000 Km2”.

O Júri do Prémio Pessoa considera que através do reconhecimento da ação e personalidade de Tiago Pitta e Cunha se pretende, igualmente, distinguir e estimular todos aqueles que colocam o seu saber e talento ao serviço de causas públicas de valor universal, aumentando com isso a viabilidade de uma cultura voltada para a cooperação coletiva, fator crítico de que dependerá, em grande medida, a superação das ameaças existenciais contemporâneas”, remata o júri.

Fotografia: João Porfírio / Observador

Fonte: Gonçalo Correia / Observador

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