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André Mestre constrói materiais de surf com madeira açoriana há nove anos

André Mestre constrói materiais de surf com madeira açoriana há nove anos

Pranchas de criptoméria com grande procura.

Leve, mole e fácil de trabalhar. É assim que André Mestre, da empresa Insula – Surfboards & Handplanes, caracteriza a madeira de criptoméria, enquanto “boa base” para a produção de pranchas de surf.
O jovem açoriano dedica-se à construção de materiais para o desporto de ondas desde 2008 e garante que os produtos têm tido “grande procura”, até por quem está apenas de passagem pelos Açores.
“Muitas pessoas que estão de visita à ilha de São Miguel levam os nossos materiais em criptoméria, não só como produto de ondas, mas também como ‘souvenir’ da sua estadia nos Açores”, revela em declarações ao nosso jornal.
Apesar da procura dos visitantes, a par das vendas efectuadas através de encomendas online – “capazes de levar estes materiais aos quatro cantos do mundo” -, são principalmente os surfistas açorianos o público-alvo da Insula. André Mestre fabrica vários equipamentos para a prática de surf, desde as pranchas, inspiradas na prancha tradicional havariana, a ‘handplanes’.
“Temos tido uma grande procura, no que toca aos ‘handplanes’, as chamadas pranchinhas de mão, para a prática de bodysurf, porque são aquelas que, tanto pelo custo mais reduzido, como pela facilidade de utilização e transporte, conseguem abranger e cativar um público maior”, refere André Mestre.
“Quanto às pranchas, são mais caras e são um produto mais específico. Quem as procura é o surfista mais experiente, que pratica a modalidade há mais tempo, e que quer praticar um tipo de surf mais clássico”, sublinha o responsável.
A empresa Insula – Surfboards & Handplanes surgiu oficialmente no ano de 2010, mas foi dois anos antes que André Mestre, aliando o gosto pelas ondas e pelos trabalhos manuais começou a construir pranchas com a madeira açoriana.
“A ideia surgiu quase por acaso, quando estava a ver um vídeo no ‘youtube’, e naquele momento fez-se um clique. Decidi experimentar construir estas pranchas”, recorda.
“Em 2010, fez-se a primeira tentativa de introduzir estas pranchas no mercado e teve um grande sucesso, muito por responsabilidade da loja ‘Espaço Azul’, em São Miguel, que desde o momento inicial disponibilizou o espaço para a promoção e exposição das pranchas. Foram os grandes impulsionadores na divulgação destes materiais ao público”, acrescenta ainda.
André Mestre explica que a criptoméria utilizada, “proveniente de produtores açorianos certificados”, permite a construção de “pranchas bonitas”, mas também que possibilitam “boas prestações dentro de água”.
“Estes equipamentos [de criptoméria] remetem, no entanto, para um tipo de surf mais clássico, a que chamamos um surf de linha e não de manobra, mas que dá um gozo muito grande a quem as usa”, frisa o responsável.
O facto de ser produzida com a madeira açoriana vai ainda ao encontro de outro dos objectivos da Insula, o de promover os Açores.
“Há inúmeras madeiras que podem ser usadas, mas por que não usar a nossa, em vez de usarmos outras que nem sabemos de onde são provenientes? Temos a vantagem de poder acompanhar todo o processo de produção da criptoméria dos Açores e isto é uma forma de promover a nossa Região”, disse, salientando que a empresa tem uma “consciência verde”, de preocupação com o ambiente, na fabricação dos produtos.

Como se constroem as pranchas?

Quanto à construção, “é um processo relativamente simples”, diz André Mestre. “As ferramentas utilizadas são quase todas manuais. Não uso máquinas de grande porte, o que me dá um maior gozo na fabricação das pranchas”, salientou.
Segundo explicou, as pranchas de bodysurf são de construção “mais básica”, enquanto que as de surf são “mais complexas”. Estas últimas demoram entre três a cinco semanas a construir.
“O processo de fabrico passa por inúmeras fases: a modelação, o desbaste, lixagem, desmontagem da prancha – que são ocas, para poupar no peso -, escavar as cavernas, voltar a montar a prancha. Depois há a parte da fibragem e laminagem. É um processo longo, moroso, mas que vale a pena”.
André Mestre constrói as pranchas sozinho, contando com apoio de uma segunda pessoa apenas na fase final de laminagem.
O trabalho é feito todo feito em Ponta Delgada.
Mais informações disponíveis na página da rede social Facebook, intitulada “Insula – HandplanesSurfboards”.

Fonte: Alexandra Narciso / Diário dos Açores

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