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Cooperativa vai ocupar o espaço deixado pela Espada Pescas e quer ficar com os seus activos

Cooperativa vai ocupar o espaço deixado pela Espada Pescas e quer ficar com os seus activos

Correio dos Açores – A Federação das Pescas pretende ficar com a empresa Espada Pescas?
Gualberto Rita (Presidente da Federação das Pescas dos Açores) – Foi ontem assinada a escritura para a criação da Cooperativa de Pesca Açoriana que foi criada no âmbito da Federação das Pescas, por 10 associações (faltam as associações de pescadores do Pico e do Corvo que estão em actos eleitorais e ponderam entrar depois).
Estas associações entenderam, com base no anúncio do Governo de encerramento da Espada Pescas, que se iria criar uma lacuna que precisava de ser preenchida. Entendemos que tinha de haver uma intervenção por parte da Federação, com a criação de uma Cooperativa que pudesse colmatar a lacuna deixada pela extinção da Espada Pescas.
Nunca concordámos que a Espada Pescas fosse uma empresa com barcos de pesca e, por isso, nunca nos chegámos muito para a empresa. Mas, na área da comercialização, entendemos que fez algum trabalho benéfico. Ora, na última reunião de Conselho Regional das Pescas, na Horta, mostrámos essa preocupação ao Governo e decidimos que, enquanto Federação, havíamos de criar esta Cooperativa de Pesca Açoriana.
Havia duas intenções da nossa parte: Uma, na área da comercialização, que vem colmatar um pouco a extinção da Espada Pescas e, outra, que tem a haver com o desenvolvimento de uma actividade para o reconhecimento de uma organização de produtores. Ou seja, estamos a trabalhar para que a Cooperativa seja equiparada a uma OP- Organização de Produtores da Pesca. E há mesmo necessidade de criar aqui uma organização de produtores que dê resposta a outras espécies que não aos atuns que, neste caso, temos a APASA.

Porque sentiram necessidade de criar esta Cooperativa?
Sentimos necessidade desta Cooperativa exactamente por estas duas vertentes: primeiro, na área da comercialização, vamos à procura de novos mercados, vamos pugnar pela valorização do pescado dos Açores em eventos e feiras e, sempre que necessário, se houver necessidade disso, vamos intervir em algumas espécies de menor valor acrescentado.

Vai intervir na compra de peixe na lota?
A Cooperativa, sempre que necessário, para satisfazer os clientes que possa vir a ter, vai intervir na comercialização.

A Cooperativa vai ficar com património da ‘Espada Pescas’?
É algo que está agora a ser negociado com o Governo Regional. Vamos propor ao Governo ficar com os activos da Espada Pescas, no que diz respeito a instalações e quotas. Uma das nossas propostas é rentabilizar o trabalho que já foi feito na área da comercialização e, se possível, ficar com alguns funcionários.

As associações não estão de acordo com o fecho da Espada Pescas. Porquê?
Na altura, quando foi constituída a empresa, as associações foram chamadas a fazer um pacto da constituição da Espada Pescas e participar no capital social. Na altura, as associações aceitaram mas, depois, retiraram-se quando a Espada Pescas começou a ficar com barcos. E uma vez que há, agora, a retirada da Espada Pescas, entendemos que está na altura da produção entrar na área da comercialização com a criação desta Cooperativa.

O aparecimento dessa Cooperativa por parte dos armadores é uma forma de eliminar intermediários na área da comercialização?
Se possível, também. Gostava de chamar a atenção para uma questão: Temos vários comerciantes que trabalham na produção, que têm embarcações suas. O sector está a dar uma imagem de maturidade em assumir essa parte da comercialização. Há associações que já o fazem e a Cooperativa Pesca Açoriana vai procurar mais compradores e, se possível, dinamizar ainda mais o pescado dos Açores.

Pode haver alguma apreensão por parte dos comerciantes…
De facto, poderá haver aqui alguma apreensão por parte dos comerciantes, mas penso que não há razão para isso. Se houver razão, isto quer dizer que eles não se estão a portar bem. Por isso acho importante haver esta Cooperativa e, sempre que possível, intervir quando necessário.

Fonte: Correio dos Açores

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