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Pesca comercial pode reduzir diferenciação genética nos peixes a nível mundial
Equipa analisou a informação sobre a variabilidade genética de mais de 170 espécies de peixes marinhos de todo o mundo, disponível em mais de 200 artigos científicos publicados durante a última década.
A pesca diminui a diversidade genética das espécies de peixes, o que as pode tornar mais vulneráveis a alterações ambientais, concluiu um estudo desenvolvido na Universidade do Algarve.
As espécies que “são alvo de pesca comercial têm menos diferenciação” genética de um “modo geral a nível mundial”, o que se pode reflectir na sua “gestão e conservação” e no que poderá acontecer “com as alterações climáticas”, disse à Lusa David Abecassis, um dos quatro autores do trabalho de investigação, que analisou “estudos que foram feitos para espécies de peixe pelo mundo inteiro e em que foi analisada a diferenciação genética dentro da mesma espécie em diferentes locais”.
Uma maior diversidade genética implica uma “maior capacidade de adaptação” às diferenças no meio, enquanto as populações que apresentam mais semelhanças genéticas perdem essa capacidade, podendo “tornar-se menos resilientes às alterações climáticas”, como a capacidade para se adaptar ao “aumento ou diminuição de temperatura, aumento de CO2 ou pH na água”, sustentou David Abecassis.
Os cientistas colocavam a “hipótese de que a pesca pudesse ter algum impacto na diferenciação genética”, mas não estavam seguros de qual seria a sua extensão. Para isso, analisaram a informação sobre a variabilidade genética de mais de 170 espécies de peixes marinhos de todo o mundo, disponível em mais de 200 artigos científicos publicados durante a última década.
Para ilustrar os resultados, David Abecassis dá como exemplo a pesca da sardinha em Portugal, que reduz o seu stock, ou seja, a quantidade de peixe existente, o que leva a que outras populações, como a de Marrocos, ocupem esse habitat.
Fonte: Público