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Sardinha escasseia e é barata no regresso à pesca após paragem de seis meses em Peniche
Com o regresso à pesca da sardinha em Peniche, quarta-feira foi o primeiro dia dos últimos seis meses com mais volume deste pescado nas lotas portuguesas, mas os preços e a abundância estão muito aquém do esperado pelos pescadores.
Devido à proibição de captura por esgotamento da quota e, depois, ao período de defeso biológico, ao fim de seis meses a tripulação do “Afrodite” voltou ao mar, assim como a maioria das embarcações do cerco do Porto de Peniche, o maior porto do país em volume de pescado transacionado.
Cerca das 14:00, os 16 homens, entre os 38 e os 64 anos, embarcam para pescar a uma hora do porto. Ao largo de Porto Novo e a sete milhas da costa, é tempo de procurar os cardumes com recurso a sondas, que o mestre José Maria Ricardo vai analisando pelo computador.
“Não tem grandes marcações. Andámos toda a tarde à procura e nada”, lamenta horas depois o mestre à agência Lusa, com a tripulação a demonstrar nervosismo com fim do pôr-do-sol, altura propícia para a captura, quando a sardinha sai dos esconderijos de pedra.
Quando os pescadores já faziam intenções de regressar a casa, cerca das 20:30 soa a buzina do barco e rapidamente a rede começa a ser largada ao mar. “Temos peixe”, gritam ao mestre, confirmando as orientações sonares.
Uma hora de trabalho decorrida e terminava a faina. Duas horas depois, a embarcação “Afrodite” voltava a atracar no porto, descarregando 80 cabazes de sardinha, 1,8 toneladas, perto do limite diário imposto até ao final de maio para melhor gestão do recurso.
“É muito pouco em comparação com igual período em anos anteriores. Dá para pagar as despesas e nem para lá caminha. Do que me lembro, este é dos piores anos e estamos parados sem apanhar sardinha há seis meses”, refere entristecido o mestre, pescador há 37 anos.
Após o primeiro dia “à experiência”, não tem outra alternativa senão “virar-se para as cavalas e carapaus” até meados de maio, data a partir da qual a sardinha é mais gorda e ganha maior valor de mercado.
Na lota de Peniche, onde não se vendia sardinha desde final de setembro, o preço por cada cabaz de 22,5 quilogramas variou entre os 28 e os 12 euros, idêntico ao ano passado.
“Nesta altura as sardinhas são magras e só a partir de maio/junho é que estão mais gordas, são mais procuradas pelos consumidores e acabam por ser mais caras. Além disso, entram no mercado sardinhas de fora que limitam muito os preços”, justifica à agência Lusa Francisco Branco, operador de vendas da lota.
Devido à fraca procura para o consumo em fresco, as 12,3 toneladas transacionadas naquele dia, um terço teve como destino a indústria transformadora. Feitas as contas, um quilograma de sardinhas rende à produção entre os 0,80 e os 1,73 euros, mas é adquirida pelos consumidores pelo dobro do preço.
A produção coloca por isso fortes expectativas no período de maio a setembro. “Se não houver sardinha tudo se complica”, diz o mestre José, prevendo despedimentos num setor cujos baixos salários não atraem jovens e levam os mais velhos ao abandono da profissão.
Em 2014, foram capturadas 15 mil toneladas de sardinha em toda a costa portuguesa, enquanto há seis anos eram 65 mil.
Depois de Peniche, na segunda-feira os pescadores de Matosinhos à Figueira da Foz são os últimos a retomar a pesca da sardinha, de acordo com a Associação Nacional das Organizações da Pesca do Cerco.
Foto: Mrinheiro Jimmy
Fonte: RTP Notícias