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Ainda existem ‘oásis’ no mar dos Açores que são “frágeis” e importa preservar
A expedição científica ao grupo Oriental do Arquipélago, que agora termina, decorreu durante 10 dias e resulta de uma colaboração entre a Fundação Waitt e a Fundação Oceano Azul, em processo de criação pela Sociedade Francisco Manuel dos Santos, na sequência da concessão do Oceanário de Lisboa.
Durante duas semanas, a equipa científica internacional, liderada pelo professor Emanuel Gonçalves do MARE/ISPA e que integrou investigadores portugueses, (cinco dos quais da Região), das principais instituições científicas nacionais (MARE e IMAR/Açores, CIBIO/Universidade dos Açores e CCMAR/UAlg), e dois investigadores espanhóis (SEAB/CSIC); estudou a vida marinha das zonas costeiras e nos bancos de baixa profundidade das ilhas de São Miguel, Santa Maria e ilhéus das Formigas a partir do ‘Plan-B’, o navio da Fundação Waitt.
Esta expedição teve como objectivo principal promover um levantamento exaustivo dos valores naturais marinhos presentes na Região e documentar em filme os trabalhos realizados.
Foram avaliadas as actuais zonas incluídas no Parque Marinho dos Açores, em articulação com os trabalhos de caracterização e monitorização costeira financiados pelo GRA (projetos BALA e PIMA) e pela FCT (PLATMAR).
Foram realizados mais de 350 mergulhos, que representam 880 horas de trabalho subaquático, e amostrados 75 locais.
Realizaram-se dezenas de filmagens com câmaras no oceano aberto e nos montes submarinos de baixa profundidade (até 200metros), vários seguimentos com marcas electrónicas de grandes animais pelágicos, como as jamantas, e uma enorme quantidade de registos de vídeo e fotografia para documentar as riquezas naturais da região e a importância dos habitats dos Açores para esses animais e plantas: de áreas de maternidade de cachalotes e tartaruga-boba marinhas, a grandes agregações de jamantas adultas, passando pelo registo de pradarias de algas e a miríade de peixes que delas dependem em baixas oceânicas, de bancos de corais e esponjas de profundidade na plataforma das ilhas, ou dos locais de crescimento de meros, uma espécie considerada “ameaçada” pelos investigadores.
Durante a expedição foi possível comprovar “a fragilidade” dos ecossistemas únicos que os investigadores encontraram no mar dos Açores.
Embora faltem alguns meses para analisar todo o manancial de informação científica, foram já notórias diferenças entre zonas onde existe uma efectiva protecção para outras mais exploradas.
O chefe da equipa, o professor Emanuel Gonçalves, deixou ontem claro aos jornalistas micaelenses a bordo do ‘Plan B’m nas Portas do Mar, que, a par de zonas onde os investigadores “ficaram tristes” com o impacto de uma pesca intensiva, onde “é preciso reduzir o esforço de pesca”; encontraram outras zonas que “são oásis únicos e frágeis” que “é importante proteger” no mar dos Açores.
Tratam-se de ‘oásis’ que, uma vez degradados, são praticamente impossíveis de recuperar.
Os investigadores registaram diversas espécies exóticas e potencialmente invasoras bem como a ocorrência de espécies subtropicais que, com as alterações globais, poderão aumentar de frequência na Região. Os muitos aparelhos de pesca perdidos em zonas legalmente protegidas, e encontrados pelos mergulhadores, “são sinais evidentes da necessidade de promover acções concretas de conservação, nomeadamente através do estabelecimento de áreas marinhas protegidas eficazes, para a conservação das riquezas destes mares e a promoção do desenvolvimento sustentável das actividades económicas de que a Região depende”.
A Fundação Oceano Azul e a Fundação Waitt estão comprometidas com estes objectivos e esta missão científica internacional foi um passo concreto nesse sentido.
Fonte: Correio dos Açores