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Atum-patudo está em risco e é preciso salvá-lo, alertam cientistas e ambientalistas

Atum-patudo está em risco e é preciso salvá-lo, alertam cientistas e ambientalistas

Organizações não governamentais do ambiente, entre as quais a Sciaena, querem acabar com a sobrepesca desta espécie. O tema está em discussão na reunião anual da Comissão Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico (ICCAT), que decorre esta semana na Croácia.

Cerca de 99% do stock de atum patudo está em situação de sobrepesca e “se se continuar a pescar ao nível a que se tem pescado vai haver efeitos nas pescarias e efeitos sociais e económicos nas comunidades piscatórias que delas dependem”, alerta Gonçalo Carvalho, dirigente da Sciaena. A associação portuguesa integra o conjunto de organizações não governamentais (ONG) internacionais dedicadas à conservação do meio marinho que se encontram em Dubrovnik, na Croácia, a acompanhar a reunião anual da Comissão Internacional para a Conservação dos Tunídeos do Atlântico (ICCAT), da ONU.

Até domingo, os representantes dos vários países presentes vão decidir se reduzem ou não a quota anual de captura do atum-patudo. O estado do stock desta espécie de corpo robusto que pode alcançar dois metros de comprimento e pesar 170 kg entrou em declínio desde 2015. Em 2017, a quota cifrou-se em 65 mil toneladas, mas foram capturadas globalmente mais de 80 mil toneladas.

O excesso de pesca e o estado crítico em que os stocks se encontram levam as ONG a pedirem que em 2019 a quota global anual não ultrapasse as 50 mil toneladas. Estudos científicos demonstram que só com esta redução “será possível recuperar 50% do stock até 2020 e 70% até 2028”, esclarece Gonçalo Carvalho. Também em cima da mesa estão a necessidade de melhorar a monitorização das pescarias de cerco e palangre (técnicas mais agressivas) e a redução da mortalidade de juvenis associada ao uso de Dispositivos de Concentração de Peixes (FAD em inglês), que apanham juvenis e adultos e outras espécies atraindo os cardumes para debaixo de uma espécie de bóias gigantes.

O biólogo marinho lembra que “o atum-patudo é um stock crucial para Portugal, particularmente para os Açores e a Madeira, mas está em mau estado e ameaça cair numa situação muito grave de sobrepesca”. Em Portugal são sobretudo as frotas pesqueiras dos Açores e da Madeira que se dedicam à captura desta espécie com salto e vara, uma arte mais sustentável. Em 2018 a quota portuguesa era de 4289, mas só foram capturadas 3145 toneladas, devido à sobrepesca provocada por embarcações de outros países no Atlântico.

Fonte: Carla Tomás / Expresso

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