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Congro salgado seco e desfiado, lapas em conserva e rum de cana-de-açúcar dos Açores entre os novos produtos açorianos no ‘SISAB Portugal 2017’

Congro salgado seco e desfiado, lapas em conserva e rum de cana-de-açúcar dos Açores entre os novos produtos açorianos no ‘SISAB Portugal 2017’

Sorrisos estampados nos rostos dos empresários açorianos e um sinal de “necessidade de mais e mais produção para uma crescente procura de produtos” com a Marca Açores, foi o que o ‘Correio dos Açores’ foi ontem encontrar no ‘SISAB Portugal 2017’, que termina hoje no Meo Arena, em Lisboa. Na verdade, desapareceu o ar sisudo dos responsáveis pelas empresas e há um ambiente de visível alegria no tecido empresarial regional presente na feira.
É notório o empenho da maioria dos empresários em inovar, apresentando e anunciando novos produtos, na esperança de que venham a vingar no mercado nacional e internacional. Merece especial atenção o congro salgado, seco e desfiado, embalado na Espada Pescas que, enquanto produto tradicional de algumas ilhas do Grupo Central do arquipélago, desperta grande curiosidade.
Merecem realce as lapas em conservas, como uma novidade inesperada. E a cerveja Munich e a Kima Maracujá como ‘vedetas’ para os milhares de orientais que têm passado pelo stand dos Açores. Aliás, a Melo Abreu já fez a experiência de colocar dois contentores de cerveja na China e, com uma adaptação nas tampas das garrafas, poderá exportar muito mais Munich e Kimas para aquele país.
Também ganharam muita visibilidade na feira os iogurtes Yoçor, uma empresa que tem vindo a inovar, de forma crescente, de ano para ano.
Fica na retina a grande motivação de Carolina Ferreira, que ontem anunciou que a empresa Eduardo Ferreira e Filhos vai lançar o rum açoriano, a partir da cana-de-açúcar de produção micaelense. Isto depois de todos os seus apreciados gins Premium, Maracujá, Ananás e Tangerina, que têm na sua base a planta do gelo, muito rara e típica dos Açores. Uma planta muita utilizada pelos chefes de cozinha com ‘estrelas’ e da qual é extraído o botânico para o gin açoriano.
A Profrutos, agora liderada por Álvaro Dâmaso, surgiu com outro ânimo na feira. Dâmaso deixava a mensagem de que existem, verdadeiramente, dois produtos só dos Açores. “Um é o ananás, e o outro qual é…?”.
Desde os queijos da Lactaçores e da Bel, passando pelos vinhos e saborosas das saladas EasyFrutsandsalads, até às conservas da Corretora, muito apreciadas no mercado italiano, os empresários que passaram pelo stand dos Açores foram provando de tudo e a mostrarem surpresa, pela positiva, com a qualidade dos produtos açorianos
Entre os 31 empresários açorianos presentes na ‘SISAB 2017 Portugal”, muitas outras histórias de sucesso ficam por contar. O pouco tempo disponibilizado ao ‘Correio dos Açores’ para passar pelo ‘SISAB Portugal 2017’ – (ao contrário do que aconteceu com a concorrência que ocupou até parte do espaço) – coincidiu com a visita do Vice-presidente do Governo, Sérgio Ávila, que, na ocasião, além de constatar o optimismo e satisfação dos empresários, anunciou que o “clima de confiança” evidenciado pelo tecido empresarial regional é também vincado pelos 501 projectos de investimentos no âmbito do Sistema de Incentivos Competir+, que representa um investimento privado de 200 milhões de euros, dos quais 150 milhões de euros (o correspondente a 75%) no âmbito do subsistema de fomento da base económica de exportação.
Este é “também mais um sinal claro de que a economia açoriana, os nossos empresários e as nossas empresas estão a dirigir-se claramente para a produção de bens transaccionáveis e de serviços transaccionáveis, como o turismo, o que permite, efectivamente, o crescimento económico que se tem vindo a registar e a consolidar ao longo dos últimos anos, com reflexos muito positivos no emprego, que terá nos próximos anos ainda mais crescimento, tendo em conta as perspectivas de investimento que existe”.

 

Um “arquipélago” no meio do SISAB

Sérgio Ávila começou a sua intervenção a considerar que “os Açores são um arquipélago” no meio do espaço onde se encontravam no meio do SISAB do Meo Arena”.
“Já somos um enorme espaço nesta feira e a procura que as empresas açorianas têm feito deste evento, fará com venhamos a crescer ainda mais e, se calhar, um dia, ocupamos toda esta área como sendo a área do arquipélago dos Açores”, desejou.
O Vice-presidente do Governo explicou este entusiasmo com o facto de a produção e desenvolvimento de bens transaccionáveis com capacidade de exportação ser “um vector fundamental da actividade económica” regional. E disse, a propósito, que “é com maior orgulho e satisfação que temos 1.756 produtos com a Marca Açores. Ela “é referência de identidade da nossa Região, certificada pela natureza”, garantiu.

 

Expectativa de aumentar vendas

Há por parte das empresas uma “expectativa de as vendas continuarem a crescer, por necessidade, face à procura que aumenta”. E o Vice-presidente do Governo explicou as razões de isso estar a acontecer. Por um lado, porque a identificação e a criação de uma Marca Açores “permitiu que o consumidor regional tivesse uma atitude de maior valorização dos produtos da sua região e de defesa da sua economia. Em segundo lugar, o grande crescimento do turismo, de quem nos visita, em procurar a marca Açores e, em terceiro lugar, a nossa estratégia de promoção fora da Região dos produtos dos Açores, que tem dado os frutos que todas as empresas aqui presentes comprovam”.
“A economia tem vindo a ter nos Açores uma concretização clara de retoma”, afirmou Sérgio Ávila, agarrando, em sequência no crescimento do Produto Interno Bruto da Região. “Os Açores registaram um crescimento do PIB real de 2%, significativamente superior ao país que foi de 1,4% e é o terceiro ano que estamos a crescer de forma sustentada do ponto de vista económico e crescendo de uma forma cada vez mais progressiva”.
“Se tivemos um período de cinco anos em recessão económica, nos últimos três anos retomamos o crescimento: 0,7% em 2014; 1,7% em 2015; e no ano que recentemente terminou já 2%. Um crescimento muito superior à média nacional”, afirmou.
“Para que estes dados económicos tenham acontecido e para que este sucesso económico tenha acontecido, com reflexos directos na criação de riqueza e particularmente na criação de emprego e redução do desemprego, muito contribui a nossa capacidade de exportação”, concluiu. A jornalista Lídia Almeida, da ‘Antena 1 Açores’, questionou Sérgio Ávila sobre as dificuldades levantadas pelos empresários em colocar os produtos açorianos em países muito distantes, nomeadamente os países asiáticos.
O Vice-presidente do Governo explicou que aquilo que a legislação comunitária permite é a criação de um sistema de apoios à internacionalização que tem várias componentes, a componente do apoio à comercialização, o apoio às embalagens, e à promoção…
Depois, do ponto de vista de transportes, acrescentou o governante, a regulamentação comunitária “é extremamente rígida. E só permite, no âmbito da Direcção Geral de Concorrência, o apoio aos transportes entre o arquipélago e o território continental para permitir que as empresas açorianas fiquem, à partida, em igualdade de circunstâncias com as restantes empresas do país. E, de resto, a partir daí, funciona o mercado”.
“O que asseguramos”, prosseguiu, “é este apoio de 90% dos custos de transporte entre a Região e o continente. Tudo isso é regulamentado pela Comissão Europeia que permite, através da Direcção Geral de Competências, que as empresas açorianas fiquem em igualdade de circunstâncias que as restantes empresas portuguesas”.
Mas, apesar destas dificuldades dos transportes, havia ontem algum ânimo entre os empresários açorianos para o estabelecimento de negócios com empresas chinesas. Fizeram-se, pelo menos, os primeiros contactos e alguns foram para além disso.
Aliás, no ‘SISAB’ vimos empresas açorianas a “fazer pela vida” e a procurar vender os seus produtos, muito longe das críticas que, por vezes, se ouvem e se vêem escritas de que esta feira se ‘trata de uma feira de vaidades’. Enganam-se os que assim pensam.
Como se estivesse a responder a estas vozes, Carlos Morais, o responsável pelo ‘SISAB Portugal’ afirmou ontem que “não há dúvida que os Açores aqui, neste espaço, são um ‘study case’, verdura, paixão, dedicação, qualidade, natureza e uma capacidade imensa de adaptação a novos mercados. Estou certo que esta vigésima segunda edição vai ser uma daquelas que terá melhor resultado e na certeza, porém, que nos próximos anos, mais negócios se irão fazer”.

Fonte: Correio dos Açores

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