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Fotógrafo Nuno Sá envolvido no resgate de uma baleia nos mares da Noruega

Fotógrafo Nuno Sá envolvido no resgate de uma baleia nos mares da Noruega

O fotógrafo Nuno Sá, que venceu vários prémios com imagens subaquáticas do mar dos Açores, esteve a semana passada envolvido no salvamento de uma baleia jubarte, nos fiordes de Vengsoya, nos mares da Noruega, onde se encontra a fotografar e a filmar com uma equipa internacional de fotógrafos subaquáticos no âmbito do ‘Acampamento Orca’.

Naquele dia, após o barco onde se encontrava Nuno Sá estar alguns minutos no mar,  o gerente de operações Frank Wirth telefonou a informar que fora detectada uma baleia à superifície, em dificuldade, envolvida numa rede com bóias atreladas. A equipa internacional de mergulhadores foi em direcção ao local onde a baleia se encontrava e Nuno Sá foi um dos mergulhadores a envolver-se voluntariamente na operação de salvamento. O mergulhador – que tem cedido gratuitamente várias fotos ao ‘Correio dos Açores’ – começou a cortar as cordas em redor da boca e da barbatana peitoral do cetáceo.

Nuno Sá descreve os primeiros momentos: “Percorreu-me um friozinho pela espinha, pois era a primeira vez que estava a um metro dos olhos da Jubarte que cantava canções de socorro. Fiquei com a sensação de que ela só iria confiar em mim enquanto mantínhamos contacto visual”.

Ao mesmo tempo que filmava, Nuno Sá começou a cortar as cordas em redor do cetáceo. Começou por libertar a barbatana e a boca da linha de pesca, mudando-se depois para a zona da cauda, onde três bóias estavam presas.

Na minha primeira tentativa para libertar as bóias da cauda da baleia, “ela bateu violentamente com a causa a alguns centímetros acima da minha cabeça enviando-me a vários metros num redemoinho de água. A outra alternativa era fazer um mergulho livre a 10 metros sob sua enorme cauda e libertá-la do fundo mas não das bóias. Logo que cheguei ao cabo percebi que estava a arrastar todo o peso de uma baleia debaixo d’água, e foi tão tenso como uma barra de ferro. Logo que cortei o cabo com a faca, ocorreu uma explosão de bolhas de ar e a baleia surgiu mais à superfície de água”.

“Apesar da baleia estar livre”, descreve Nuno Sá, “para minha surpresa a baleia não foi para alto mar, sentindo o arrastar das bóias em torno da sua cauda. Ela apenas ficou ali estática esperando o meu próximo passo”.

“Entretanto”, continua o mergulhador, “o skipper Emanuel Goulart improvisou uma vara longa com uma faca agarrada a um fim para eu fazer uma última tentativa de corte do cabo no rabo a uma distância segura, ainda uma situação arriscada. Felizmente, nessa altura, (45 minutos após o alerta) a guarda-costeira norueguesa chegou ao local e assumiu a operação com equipamentos adequados (um rov e material para cortar as cordas a partir do barco) e a baleia foi finalmente lançada”.
Nuno Sá teve então possibilidade de conversar com o experiente oficial da Guarda Costeira norueguesa neste tipo de operações de salvamento de baleias. Na altura, “explicou-nos que eles são muito experientes com estas operações. Ele mesmo resgatou 6 Baleias em 2015”.

Nuno Sá concluiu que a Guarda Costeira norueguesa está a fazer um excelente trabalho para limpar as linhas de pesca da costa e, ajudar os animais em perigo, controlando a frota de pesca. A Noruega é o único país na Europa que está a investir, em larga escala, na vida marinha e conservação das espécies.

Este feito de Nuno Sá nos mares da Noruega foi seguido com muita atenção pelos seus colegas nos Açores e alguns deles em Bruxelas, como é o caso do biólogo marinho Frederico Cardigos que, num comentário no Facebook escreveu que este foi um “muito bom trabalho do grande Nuno Sá. Outras pessoas, como os grandes fotógrafos Jorge Fontes, Luís Quinta   e Pedro Afonso, fizeram o mesmo no passado, libertando baleias e jamantas de situações complicadas. São estes actos e estas pessoas que nos dão esperança num futuro brilhante, cheio de solidariedade, empatia e coragem”, completou o biólogo açoriano que já foi Director Regional dos Assuntos do Mar do Governo açoriano.

Fonte: Correio dos Açores

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