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Está em discussão nos Açores a interdição de natação com golfinhos grampos a menos de 3 milhas da costa
A “Biosphere Expeditions 2016” concluiu com sucesso o seu décimo terceiro ano de recolha de dados sobre a distribuição de cetáceos nos Açores, com recurso a observações visuais e foto-identificação.
A cidade da Horta, na ilha do Faial, foi a base da expedição e o trabalho foi conduzido em redor das três ilhas do Faial, Pico e São Jorge. Esta expedição decorreu entre 4 de Abril e 5 de Maio, e concentrou-se em seis projectos principais.
Foram registados um total de 244 avistamentos de 11 espécies distintas de cetáceos e 1 espécie de tartaruga.
Áreas protegidas para a baleia-azul
Baleia-azul: A expedição registou 16 baleias-azuis em 14 encontros em 2016 e, desde 2004, contribuiu com 108 indivíduos para o catálogo do Atlântico Nordeste. Os resultados obtidos para as baleias azuis avistadas nos Açores através da expedição incluem 3 reavistamentos de animais fotografados em anos anteriores nos Açores: uma baleia avistado em 2016 foi observada em 2010 e duas correspondências em 2012, uma foi observado em 2006 e a outra também fotografada em 2010.
No Atlântico Norte, onde se estima viverem cerca de 2000 animais, é muito raro observarem-se reavistamentos entre os indivíduos constantes dos catálogos das costas Este e Oeste, o que sugere existirem duas populações distintas de baleias-azuis no Atlântico Norte. Uma delas parece viver entre o Sudoeste da Gronelândia e a costa da América do Norte, estando centrada nas águas do leste do Canadá. A outra população ocorre no estreito da Dinamarca, Islândia e “Jan Mayen, Spitzbergen”, e o Mar de Barents no Verão, e a sul até à costa Noroeste de África no inverno.
A taxa anual de 14% de reavistamentos de baleias-azuis do catálogo dos Açores sugere que, pelo menos alguns indivíduos, usam uma rota que cruza os Açores durante a sua migração.
Segundo os investigadores, “é importante obter informações sobre os movimentos, localização e zonas limite de ocorrência destes animais, porque ao contrário de outras baleias, as populações de baleia-azul não parecem estar a recuperar à mesma velocidade, o que faz com que a delimitação de áreas protegidas efectivas seja ainda mais importante.
Baleias-de-Bossa que passam nos Açores são da população ameaçada de Cabo de Verde
Baleias-de-bossa: Em 2016, a expedição registou 12 baleias-de-bossa. O catálogo de baleias-de-bossa do Atlântico Norte está a aproximar-se a um total de 9000 indivíduos e desempenha um papel importante na detecção de reavistamentos de longo alcance. Desde 2004 que a expedição contribuiu com 18 fotografias identificativas e registou um reavistamento com as ilhas de Cabo Verde em 2010. Este reavistamento, juntamente com dados recolhidos por outros investigadores, sugere que as baleias-de-bossa observadas nos Açores fazem parte da população ameaçada de Cabo Verde e não da população das Caraíbas. Estes reavistamentos são considerados “importantes” porque, actualmente, existe pouca informação sobre os movimentos das baleias-de-bossa na costa Este do Atlântico.
Outras baleias de barbas: As baleias de barbas têm sido observadas com maior frequência nos últimos anos. Em 2016 registaram-se 42 encontros com outras baleias de barbas, como as baleias-comuns e uma baleia-anã com uma cria. Não foram observadas sardinheiras.
Segundo os investigadores, “os esforços desenvolvidos na conservação e investigação de baleias de barbas demonstram que os Açores poderão ser um ponto de paragem/abastecimento (entre as áreas de reprodução a sul e as áreas de alimentação a norte, como Noruega e Islândia) crucial para alguns animais migradores, que não tenham tido a oportunidade de se alimentarem nas áreas de reprodução, durante os últimos meses”.
Os recursos que estas baleias encontram nos Açores “podem significar a diferença entre sobrevivência ou morte”, escrevem os investigadores do ‘Biosphere Expeditions 2016’.
A recolha de informação base sobre o número de animais e áreas que eles estão a usar “pode ser útil” na detecção prévia de mudanças na disponibilidade de presas, devido a alterações climáticas.
Cachalote: Desde 1987 que está em curso nos Açores um programa de foto-identificação de cachalotes, com 69 indivíduos identificados (7 não-identificados) e fotografados em 124 encontros, incluindo reavistamentos de 26 animais observados em anos anteriores. Os reavistamentos detectados indicam que os machos migram para as águas da Noruega e as fêmeas passam a sua vida em grupos e efectuam migrações/movimentações mais limitadas. Para além disso, os grupos de cachalotes observados nos Açores são mais estáveis e as associações entre indivíduos permanecem por períodos mais longos do que as que ocorrem no Pacífico. Este facto deve-se, provavelmente, à diferença de disponibilidade de alimento entre ambas as áreas.
A interdição da natação com golfinhos grampos…
Golfinhos: A foto-identificação de golfinhos, que se iniciou em 1987, tem continuado. Até ao momento, conhecem-se 8 grupos de roazes e 13 grupos de grampos e também foram fotografados 2 grupos de falsas-orcas.
Com o tempo, as fotografias identificativas de falsas orcas poderão mostrar se existem indivíduos residentes, apesar de serem menos conhecidas, como no caso de roazes e grampos. À data de elaboração deste relatório, pelo menos 1 indivíduo foi observado em ambos os grupos de falsas-orcas, que foram observados no fim da expedição, o que poderá suportar esta teoria.
A diferenciação entre animais residentes e transeuntes “é importante”, porque os primeiros “poderão necessitar de determinadas áreas em redor das ilhas, para alimentação e reprodução”, enquanto que os transeuntes “apenas se encontram de passagem”.
Na opinião dos investigadores, “Isto pode ser considerado aquando da implementação de nova legislação, como a que tem sido discutida sobre a interdição de natação com golfinhos grampos, a menos de 3 milhas da costa, que é o habitat crucial para mães e crias”.
Europhlukes: Europhlukes é um projecto europeu que reúne investigadores de diversos países para compartilhar dados de foto-identificação de várias espécies. Todas as fotografias recolhidas no âmbito desta expedição serão enviadas para esta base de dados. As extracções das caudas dos cachalotes fotografados durante a expedição serão comparadas com fotografias obtidas em anos anteriores e noutras áreas do Atlântico. Até ao momento nenhum dos cachalotes fotografados nos Açores foi reavistado noutras áreas.
Pesca de atum sem golfinhos
POPA: Pelo décimo terceiro ano foram recolhidos dados para o Programa de Observação das Pescas nos Açores (POPA) coordenado pelo Centro do Instituto do Mar da Universidade dos Açores.
A POPA foi lançada em 1998 com o objectivo principal de certificar o atum capturado nos Açores como um produto “seguro para golfinhos”. Este rótulo é atribuído pela ONG Earth Island Instituto às capturas feitas sem mortalidade de cetáceos.
A POPA construiu uma Informação recolhida pelos observadores a bordo dos navios de pesca do atum.
Esta base de dados inclui informações sobre a pesca do atum (por exemplo, localização dos eventos de pesca, Capturas e esforço de pesca), condições meteorológicas (por exemplo, SST, vento e visibilidade), entre outras recolhas.
A POPA também é responsável pelo atum “Amigo do Mar”.
O “Physeter” é a única embarcação que não se dedica à pesca comercial e que contribui para o POPA. A informação foi recolhida aleatoriamente ao longo de trânsitos de observação de cetáceos. Foram também efectuadas contagens de tartarugas, aves marinhas e recolhidos parâmetros ambientais. Em 2016 foi adicionado a observação de lixo.
Tartarugas: As tartarugas Caretta caretta são capturadas e marcadas nos Açores desde 1988, para um projecto conjunto entre a Universidade da Flórida e a Universidade dos Açores. Durante esta expedição, 47 tartarugas-boba foram avistadas, mas nenhuma foi capturada ou marcada.