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Gaivotas podem estar na origem do encerramento do ilhéu de Vila Franca

Gaivotas podem estar na origem do encerramento do ilhéu de Vila Franca

Depois de abrir a 20 de Julho, a zona balnear do ilhéu de Vila Franca do Campo foi considerada imprópria para banhos pela Direcção Regional dos Assuntos do Mar e voltou a encerrar. As análises à água evidenciaram altos níveis de excrementos, soube o Correio dos Açores.
Numa primeira fase, a Direcção Regional dos Assuntos do Mar aventou a possibilidade de os excrementos terem origem no emissário submarino de Vila Franca do Campo. Esta hipótese foi posta de parte depois da Direcção Regional e da Câmara Municipal de Vila Franca do Campo terem feito análises ao emissário.
O mais provável é que a grande densidade de excrementos detectada na água do ilhéu de Vila Franca seja das gaivotas que aumentaram exponencialmente este ano em redor da zona balnear. 
Todos os anos a SPEA (sociedade de protecção e controlo das aves) vai ao ilhéu de Vila Franca do Campo chocalhar os ovos nos ninhos para impedir o aumento do número de gaivotas no monumento natural. Este ano porém, devido a pandemia da Covid-19, os especialistas da SPEA não foram ao Ilhéu por altura da nidificação, o que levou a que aumentasse em grande escala o número de crias que, sobretudo nos primeiros voos, são sedentárias no local de nascimento.
Por isso ganha força a probabilidade de terem sido os excrementos de gaivota a razão para que as análises feitas pela Direcção Regional dos Assuntos do Mar acusasse níveis tão elevados de bactérias com origem em excrementos ou fezes. Contudo, a Direcção Regional dos Assuntos do Mar ainda não deu o trabalho por encerrado e continua a fazer análises e estudos para eliminar outras prováveis razões que levaram à situação actual da água do Ilhéu de Vila Franca do Campo considerada imprópria para banhos.
Lotação nunca esgotou este ano

O ilhéu de Vila Franca

O ilhéu apresenta forma semicircular, com uma área total de 95 hectares, dos quais estão emersos 61,6 hectares, com uma abertura por onde o mar entra livremente na cratera. A cratera, com uma profundidade máxima de 20 metros, forma um círculo quase perfeito com 150 metros de diâmetro. A abertura, designada por Boquete, está voltada a Norte, isto é na direcção da costa da ilha, o que impede a entrada da agitação marítima para o interior.
Recorde-se que o Ilhéu era propriedade privada que o Governo Regional decidiu adquirir ao empresário A. M. Santos e em 1983 o ilhéu de Vila Franca foi classificado como Reserva Natural pelo Decreto Legislativo Regional n.º 3/83/A, de 3 de Março da Assembleia Legislativa dos Açores. Essa classificação foi alterada, com um considerável alargamento da área marítima protegida e com a introdução de restrições ao seu uso.
A reserva possui uma área terrestre de cinco hectares (que inclui todo o ilhéu) e a zona marítima adjacente, até uma profundidade de 30 metros. Tanto na parte terrestre, como na marinha, visa proteger biótopos de elevada biodiversidade e defender a zona de nidificação do cagarro, uma ave marinha protegida.
A sua importância para a nidificação de aves marinhas granjeou-lhe a inclusão na lista “Important Bird Areas”, da “BirdLife International”, e encontra-se na origem dos trabalhos desenvolvidos para remover flora invasora e repor a flora natural. Um trabalho desenvolvimento sob a coordenação da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves, com financiamento do Governo dos Açores e do Programa LIFE+ da Comissão Europeia, que visa recriar as condições ambientais para a nidificação de aves marinhas. 
O uso balnear do espaço foi reordenado, tendo sido instaladas novas infra-estruturas de desembarque e de apoio aos visitantes, incluindo instalações sanitárias e de recolha de resíduos.
O número de visitantes, mesmo neste período de pandemia, esteve limitado a 200 em permanência no Ilhéu e 400 por dia, limite fixado atendendo ao impacto na geologia, flora e avifauna do local.
Devido à Covid-19 foi imposta uma limitação no número de visitantes transportados no barco para o Ilhéu, o que implicava a realização de mais viagens por dia. Só que, devido à falta de turistas, a lotação nunca foi atingida nos dias em que a zona balnear esteve aberta este ano.

Fonte: Correio dos Açores

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