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Manuel Pinto de Abreu insistiu “Valor comercial do carapau não é assim tão baixo”

Manuel Pinto de Abreu insistiu “Valor comercial do carapau não é assim tão baixo”

O secretário de Estado do Mar, Manuel Pinto de Abreu, insistiu hoje que há alternativas à pesca da sardinha, como o carapau, cujo valor comercial “não é assim tão baixo” e está a ser importado.

“O valor comercial do carapau não é assim tão baixo e estamos a importá-lo”, salientou o secretário de Estado no parlamento, apelando às organizações de produtores para que explorem esta vertente económica.

No domingo, Manuel Pinto de Abreu sugeriu em entrevista à Lusa que os pescadores de sardinha procurem espécies alternativas, declarações que foram mal acolhidas pelos pescadores, que acusaram o secretário de Estado de não perceber a arte da pesca.

Hoje na Assembleia da República, o governante repetiu aos deputados que “há embarcações que estão a regressar à atividade no mar porque querem aproveitar outras oportunidades” e sublinhou que 46% da frota de cerco decidiu manter-se ativa, após a interdição da pesca da sardinha imposta a 19 de setembro.

“É verdade que há organizações de produtores que continuaram a operar e foram à procura de novos mercados. Quando menciono que há alternativas utilizo estes factos”, afirmou, em resposta às interpelações dos deputados da oposição.

Pinto de Abreu notou que, em 2013, Portugal importou mais de 10 mil toneladas de carapau, no valor de 15 milhões de euros, e respondeu às cíticas da deputada bloquista Helena Pinto relativamente à “descida abrupta” no rendimento de quem vive da pesca, lembrando que “o preço da sardinha nem sempre foi dois euros”.

O secretário de Estado recordou ainda que há alguns anos os pescadores se queixavam de que a sardinha estava a ser vendida a um preço muito baixo, próximo dos 60 cêntimos, e que em condições normais o preço da sardinha se aproxima do que é hoje pago pela cavala e pelo carapau, recomendando aos pescadores que procurem “os mercados que melhor pagam por essas espécies”.

A este propósito, adiantou que o Governo já promoveu uma campanha para a valorização da cavala e vai avançar em breve com novas campanhas, para promover o carapau e outras espécies de pescado português.

Os deputados questionaram também a forma como é feita a articulação com Espanha, que gere o ‘stock’ da sardinha em conjunto com Portugal, e com Bruxelas, e se existe a possibilidade de aumentar a quota de pesca da sardinha para este ano.

O secretário de Estado saudou a cooperação que tem sido feita com Espanha, garantiu que Bruxelas sabe de tudo o que se está a passar e reafirmou a confiança nos dados científicos relativos ao ‘stock’ da sardinha, avisando que não devem ser esperadas revisões em alta face a 2014 (13.500 toneladas).

“As melhorias que foram observadas não permitem alterar a cautela relativamente às medidas de gestão, enquanto não há outros elementos de informação que permitam confirmar que o ‘stock’ está bem e suporta mais atividade”, afirmou.

O governo, adiantou, está a reforçar os meios e os equipamentos para avaliar a situação: “Vamos fazer tudo para que, de uma vez por todas, fique demonstrada qual é a realidade dos stocks”.

Já o deputado do PS João Paulo Pedrosa observou que “não apoiar a pesca da sardinha é quase como não votar no Cristiano Ronaldo para a bola de ouro” e exigiu que seja reclamado o interesse vital de Portugal nesta matéria, chamando a atenção não só para os aspetos económicos, mas também sociais e culturais que envolvem a atividade.

A falta de sardinha para a indústria conserveira foi também alvo das preocupações dos deputados comunistas e socialistas, com o secretário de Estado a elogiar os empresários que “não viraram costas” e estão “à procura de outras soluções”.

Pinto de Abreu está a ser ouvido na Comissão de Agricultura e Mar a pedido do PCP.

Fonte: Notícias ao Minuto

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