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Portugal vai ter novo navio de investigação do mar, que substituirá o Noruega

Portugal vai ter novo navio de investigação do mar, que substituirá o Noruega

O navio Noruega, com 33 anos, tem estado pouco operacional desde 2010 e será abatido. (Fernando Veludo)

No passado Dia Nacional do Mar foi assinalado com o anúncio de que Portugal vai dispor de um novo navio oceanográfico, para pôr em prática a estratégia traçada pelo Governo para esta área até 2014. “Para o estudo do mar, é essencial termos meios. Sem um navio, não conseguíamos desenvolver a nossa visão sobre o mar”, refere ao PÚBLICO Assunção Cristas, ministra da Agricultura, Mar, Ambiente e Ordenamento do Território.

O problema do navio tornou-se mais premente com o Noruega, dedicado à investigação das pescas, a chegar ao fim da vida, numa altura em que na União Europeia também se discute a reforma da Política Comum de Pescas e em que os dados dos stocks das espécies são essenciais nessas negociações. Com 33 anos, o Noruega, ao serviço do Instituto de Investigação das Pescas e do Mar (Ipimar), tem estado pouco operacional desde 2010.

“Uma questão sensível era arranjarmos um novo Noruega. Era um ponto muito, muito crítico. Fizemos um levantamento dos barcos à venda e identificámos uns três ou quatro”, diz Assunção Cristas. “E nas negociações sensibilizámos a Noruega para o desenvolvimento das nossas acções, quer no estudo dos stocks de pesca, quer no que respeita ao uso do nosso ROV [o Luso, veículo operado à distância, que mergulha a seis mil metros] para pesquisar o fundo do mar.”

A abertura por parte da Noruega para ajudar Portugal a substituir o velhoNoruega – “foi um grande alívio”, diz a ministra – vai permitir que sejam canalizados do MFEEE cerca de 10 a 12 milhões de euros para a compra do navio usado e a sua transformação em navio científico, bem como o reequipamento. Esse montante terá de ter uma comparticipação nacional de 15%, por isso, aos 10 a 12 milhões de euros doados para o navio irão juntar-se 1,5 a 1,8 milhões provenientes dos cofres portugueses.

O novo navio ficará ao serviço do Instituto Português do Mar e da Atmosfera, que vai resultar da fusão do Ipimar com o Instituto de Meteorologia. “Espero que no próximo ano já possamos contar com o novo Noruega”, diz Assunção Cristas.

Além das pescas, este navio servirá para investigar o mar de forma global, desde a biodiversidade até aos recursos não vivos como minérios. Tal como o ROV Luso, é considerado uma peça importante para pôr em acção a estratégia do Governo para o mar até 2014, que pretende desenvolver a economia do mar. Ao nível da produção de conhecimento e inovação, entre os objectivos dessa estratégia está a continuação dos trabalhos de extensão da plataforma continental – que dará ao país jurisdição ao solo marinho além das 200 milhas da zona económica exclusiva (ZEE) -, para reforçar a proposta já entregue na ONU.Até agora, grande parte dos trabalhos da plataforma continental fez-se nos navios oceanográficos Almirante Gago Coutinho e D. Carlos I, da Marinha. Tem sido no Almirante Gago Coutinho que o ROV Luso tem operado.

A ideia é que o novo navio, além de capacidade para albergar o Luso, permita diversos usos, com a instalação de laboratórios portáteis. Deverá ter mais de 50 metros de comprimento, espaço para pelos menos 20 cientistas e uma velocidade que permita chegar rapidamente aos locais das missões.

A prospecção geológica e biológica de campos hidrotermais nos Açores; o estudo da biodiversidade marinha; a caracterização geológica, biológica e físico-química de Áreas Marinhas Protegidas para lá da ZEE; o estudo de depósitos minerais no fundo do mar; e a continuação do Programa Nacional de Recolha de Dados da Pesca, no quadro da Política Comum de Pescas e do desenvolvimento da aquicultura offshore, são outros objectivos da estratégia para o mar. Entre 2012 e 1014, prevêem-se 450 dias de operações no mar e 150 mergulhos do ROV.

“Se não conseguíssemos ter um navio capaz de desenvolver as acções necessárias, seria complicado dar o salto qualitativo”, considera a ministra, que para 2012 prevê o investimento total de 65 milhões de euros no mar.

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