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Oceanário anuncia expansão e organiza expedição científica aos Açores

Oceanário anuncia expansão e organiza expedição científica aos Açores

O melhor aquário do mundo em 2015 e 2017, segundo o TripAdvisor, já foi visitado por 23 milhões de pessoas e pretende arrancar com as obras de um novo edifício em 2021.

Oceanário de Lisboa anunciou na segunda-feira que está a estudar um projeto de expansão para dar resposta ao crescimento constante do número de visitantes, que em 2017 atingiram 1,3 milhões, o que faz de uma das infraestruturas mais emblemáticas do Parque das Nações o segundo local mais visitado da capital a seguir ao Castelo de São Jorge.

“Estamos a ter grande sucesso, a crescer muito, mas isso coloca-nos um dilema, ou expandimos o Oceanário ou aumentamos os preços”, afirmou num encontro com jornalistas José Soares dos Santos, presidente da Fundação Oceano Azul (FOA), concessionária do Oceanário desde a sua privatização. “E a nossa decisão é expandir e adicionar muito mais espaço de experiência sobre os oceanos aos nossos visitantes”. O encontro foi realizado a propósito dos 20 anos da Expo 98, que esta terça-feira se comemoram com uma série de iniciativas no Parque das Nações.

A vontade da FOA é arrancar em 2021 com a construção de um novo edifício junto ao edifício principal, que já tem as partes de ligação feitas. “A expansão é inevitável porque a missão do Oceanário é chegar a cada vez mais gente, é fazer com que mais visitantes se possam maravilhar com a vida marinha”, sublinha José Soares dos Santos. O investimento previsto ainda não é conhecido e os conteúdos do novo espaço estão a ser estudados. “Repetir o edifício principal com um novo tanque seria um erro e por isso estamos a estudar que experiências novas queremos produzir, com a ajuda de tecnologia”. Mas há um conceito que permanece “e que é fundamental na nossa mensagem ao público: na Terra há um só oceano onde tudo está ligado”.

 

COMBINAR CIÊNCIA COM EMOÇÃO

Ao contrário dos turistas estrangeiros, os visitantes portugueses “estão em declínio, o que é natural, porque muitos já visitaram o Oceanário pelo menos uma vez”. Por isso mesmo, as exposições temporárias do edifício mais pequeno “têm precisamente como objetivo chegar ao público português”. Mas para todos os visitantes “o objetivo é combinar a ciência, a racionalidade, com a emoção ao passarmos a mensagem da importância dos oceanos para a sustentabilidade do planeta”, destaca o presidente da FOA.

João Falcato, administrador da Fundação, alerta que “nos últimos dois anos a degradação dos oceanos foi devastadora, porque 30% dos corais desapareceram. Se 30% das florestas da Terra desaparecessem em tão pouco tempo, toda a gente diria que era uma situação muito grave”. Nesta perspetiva, “no futuro só farão sentido no nosso setor de atividade instituições de conservação”. É isso que o Oceanário já está a fazer, porque “todos os lucros que temos são aplicados com esse objetivo desde que foi privatizado em 2015, sem qualquer distribuição de rendimentos ao acionista” (a Sociedade Francisco Manuel dos Santos, do Grupo Jerónimo Martins). Antes, 100% dos dividendos desta infraestrutura revertiam para o Estado.

Desde a entrega da concessão à FOA já foram investidos sete milhões de euros na renovação dos equipamentos “e duplicámos em 2017 o número de pessoas abrangidas pelos nossos programas educativos”, que envolveram 168 mil participantes. “Agora vamos passar a levar esses programas às escolas”, explica João Falcato. Na conservação das espécies marinhas e dos ecossistemas a FOA tem financiado projetos nas universidades, tendo investido 500 mil euros em dois anos, “mais do dobro do que foi investido nos 18 anos anteriores”.

 

PASSAR A MENSAGEM DA SUSTENTABILIDADE

E a mensagem da sustentabilidade passou também para as próprias instalações do Oceanário. A loja e o restaurante foram alargados e remodelados e o objetivo em três anos é ter 95% dos produtos vendidos sustentáveis num espaço que agora se chama Seathefuture. “Temos de ser coerentes com o que defendemos e para já temos 30% de produtos sustentáveis na loja, devidamente identificados”, revela o administrador.

“Estamos no início deste processo e não há nenhum aquário que tenha feito isto em todo o mundo. Preocupamo-nos com os materiais usados, o fim dos produtos, a sua origem e a sua conceção.” E a ideia é estender esta filosofia a todos alimentos vendidos no restaurante. “É um compromisso de valores, mostrando que é possível consumir sem dar cabo do planeta”, argumenta João Falcato.
“Este é o momento de darmos início a uma nova era para o Oceanário de Lisboa e para o mar português”, disse ao Expresso José Soares dos Santos, “desenvolver um novo futuro em que o Oceanário assumirá um papel relevante na educação e proteção do oceano, promovendo o seu desenvolvimento sustentável e contribuindo para a criação de uma nova consciência azul”. O presidente da FOA recorda que “o que começou por ser uma das maiores atrações da Expo 98, ao marcar a relação de Lisboa com o mar, tem vindo a tornar-se uma referência internacional para o conhecimento e conservação do oceano”. 

EXPEDIÇÃO PARA CONHECER A BIODIVERSIDADE DO MAR DOS AÇORES

Esta nova consciência azul passa, entre outros, pelo programa “Blue Azores” da Fundação Oceano Azul, que vai organizar uma expedição em junho com o objetivo de dar a conhecer às comunidades científicas nacional e internacional o mar dos Açores e o valor ecológico do mar português, porque só depois de se saber exatamente o que existe se poderão proteger melhor as áreas marinhas.
Serão realizados estudos científicos, documentários, marcação de espécies e levantamento cartográfico dos fundos marinhos, decorrendo a expedição a bordo do histórico navio Santa Maria Manuela, com o apoio do Almirante Gago Coutinho da Marinha Portuguesa, e do submarino de controlo remoto ROV LUSO da Estrutura de Missão para a Extensão da Plataforma Continental (EMEPC).
O mar dos Açores é já hoje visto pela comunidade científica como uma área marítima muito importante para a sustentabilidade do oceano, devido à biodiversidade dos seus ecossistemas. Mas há ainda um grande desconhecimento dessa biodiversidade e das espécies que o habitam. O programa “Blue Azores”, lançado em 2018, tem três anos de duração e o seu objetivo é promover e valorizar o capital natural dos Açores, em colaboração com o Governo Regional e outras entidades.

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