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Tubarões: Austrália quer autoexcluir-se da proteção internacional de espécies que aprovou em novembro

Tubarões: Austrália quer autoexcluir-se da proteção internacional de espécies que aprovou em novembro

O governo australiano quer autoexcluir-se da proteção internacional de cinco espécies de tubarão que, com a sua aprovação passaram, em novembro, a estar abrangidas pela Convenção sobre a Conservação de Espécies de Animais Selvagens Migratórias (CMS, na sigla em inglês).

Em causa estão duas espécies de tubarão-raposo e três de tubarão-martelo que, embora não sejam pescadas comercialmente, são por vezes capturadas acidentalmente durante a pesca de outras espécies ou que são alvo da pesca recreativa.

O executivo australiano alega que já promove a proteção destas espécies e não o pretende alterar:
“Existem já medidas fortes em prática para proteger os tubarões-raposo e tubarões-martelo e estas vão continuar”, afirmou um porta-voz de Greg Hunt, Ministro do ambiente australiano, ao The Guardian.

O pedido de “reserva” quanto à proteção das várias espécies de tubarão ao abrigo da CMS, pretende no entanto, evitar “consequências indesejadas” para os pescadores. Com efeito, pelo facto da legislação australiana ser mais dura do que o exigido pela convenção, os pescadores “arriscariam multas de até 170.000 dólares australianos e dois anos de cadeia mesmo cumprindo as licenças que lhes foram atribuídas», explica o The Sydney Morning Herald, citando o Ministro.

O porta-voz do governo australiano assegurou no entanto que o governo pretende continuar a apoiar a conservação dos tubarões: “O governo australiano vai continuar a participar ativamente na conservação dos tubarões ao abrigo da convenção como um signatário do memorando de entendimento sobre a conservação dos tubarões migradores, e através de um financiamento de 4,6 milhões de dólares australianos para a investigação sobre tubarões e atividades de conservação”, cita o The Guardian.

A Humane Society International mostrou-se, no entanto, indignada com a iniciativa do governo australiano que considera “um ato de vandalismo ambiental doméstico e internacional sem precedentes”, e acusa o executivo de ter cedido à pressão dos pescadores.

“Parece que a Austrália pensa que outros países podem cooperar nisto mas nós não faremos nada nas nossas águas”  afirmou Alexia Wellbelove da HSI ao Guardian Australia. E a gestora de programa sénior continua: ”O tubarões-martelo migram entre as nossas águas e as da Indonésia, por isso não podemos apenas excluir um país (…). Pela sua natureza, as espécies migratórias necessitam de cooperação internacional para evitar a extinção”.

Por outro lado, a responsável diz que a opção da Austrália é uma desilusão face ao registo histórico do país como defensor da conservação tubarões: “Consideramos que é incrivelmente dececionante porque a Austrália sempre mostrou o caminho no que diz respeito à conservação dos tubarões e isto é um passo atrás”, disse ao The Sydney Morning Herald.

Fonte: Naturlink

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