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Açores incluídos, por parte da Comissão Nacional da UNESCO, na candidatura da Dorsal Média-Atlântica (DMA) a Património Mundial

Açores incluídos, por parte da Comissão Nacional da UNESCO, na candidatura da Dorsal Média-Atlântica (DMA) a Património Mundial

O Secretário Regional da Educação e Cultura manifestou hoje a “satisfação” do Governo do Açores pela inclusão por parte da Comissão Nacional da UNESCO da candidatura da Dorsal Média-Atlântica (DMA) na lista indicativa de Portugal a Património Mundial.

Avelino Meneses afirmou estar convicto de que o processo apresentado pela Região, numa ação conjunta das secretarias regionais do Mar, Ciência e Tecnologia e da Educação e Cultura, com assessoria da Universidade dos Açores, “chegará ao fim da forma como efetivamente desejamos, ou seja, com a concretização da classificação por parte da Unesco”.

A candidatura, em apreciação na Comissão Nacional da UNESCO desde março, inclui parte das nove ilhas do arquipélago dos Açores e dos seus 596 ilhéus, o mar territorial, a subárea dos Açores da Zona Económica Exclusiva Portuguesa e a plataforma estendida contígua.

Neste espaço geográfico, destacam-se como áreas relevantes os montes submarinos D. João de Castro, Condor, Princesa Alice, Sedlo, Altair, Antialtair e os complexos de montes submarinos MARNA (Mid Atlantic Ridge North of the Azores) e Meteor, assim como os campos hidrotermais de profundidade a sudoeste do´arquipélago, todos incluídos no Parque Marinho dos Açores, que recentemente foi aumentado e revisto.

A candidatura inclui ainda manifestações visíveis (emersas), únicas, singulares e espetaculares da DMA, como o Vulcão da Montanha do Pico, o Algar do Carvão, na Terceira, a Furna do Enxofre, na Graciosa, e o Vulcão dos Capelinhos, no Faial, todas reservas naturais já classificadas por legislação regional.

O Algar do Carvão e a Furna do Enxofre já faziam parte da lista indicativa, mas considerou-se que a inclusão destas estruturas na proposta agora apresentada daria mais consistência ao seu valor geológico enquanto bem natural da humanidade.

Para além do valor cultural e sociológico do bem considerado, a candidatura  dos Açores foi selecionada por preencher diversos critérios de património natural da UNESCO, designadamente por representar fenómenos naturais notáveis ou áreas de beleza natural e de importância estética excecionais, ser exemplo excecionalmente representativo dos grandes estádios da história da Terra, nomeadamente testemunhos da vida, de processos geológicos em curso no desenvolvimento de formas terrestres ou de elementos geomorfológicos ou fisiográficos de grande significado

Foram igualmente considerados critérios como ser exemplo excecionalmente representativo de processos ecológicos e biológicos em curso na evolução e desenvolvimento de ecossistemas e comunidades de plantas e de animais terrestres, aquáticos, costeiros e marinhos, e de conter os habitats naturais mais representativos e mais importantes para a conservação ‘in situ’ da diversidade biológica, nomeadamente aqueles em que sobrevivem espécies ameaçadas que tenham um Valor Universal Excecional do ponto de vista da ciência ou da conservação.

O bem em questão será ainda complementar ao Geoparque Açores, que integra o Programa Internacional de Geociência e Geoparques da UNESCO, uma condição que contribui para aumentar a promoção, valorização e visibilidade da Região.

Pretende-se que a inclusão deste bem na Lista Indicativa tenha a sua prossecução numa candidatura futura a Património Mundial da UNESCO, beneficiando de um enquadramento com outros bens internacionais já classificados ou a classificar, também relacionados com a Dorsal Atlântica, no âmbito de um processo transnacional, que envolva outros países, como a Islândia, Noruega, Reino Unido, Irlanda, ou mesmo Brasil, se se considerar a extensão sul deste acidente geológico.

Os Açores, a ilha Jan Mayen, a Islândia, os Rochedos de São Pedro e São Paulo, as ilhas de Ascensão, Santa Helena, Tristão da Cunha, Gough e Bouvet, são todas expressões diretas e visíveis da DMA.

A área emersa e submersa da DMA na região dos Açores pertence à região biogeográfica da Macaronésia e, no contexto europeu, é uma área particularmente rica em biodiversidade.

O valor universal excecional da DMA e da região dos Açores, expressa no seu património emerso e submerso, advém das caraterísticas geológicas únicas que são um testemunho presente da história da Terra e, em particular, da formação do arquipélago.

A DMA foi detetada inicialmente em 1850 por Matthew Maury e, em 1870, a expedição do HMS Challenger confirmou a diminuição acentuada de profundidade na zona média do Atlântico.

A existência da cordilheira foi depois detetada por sonar em 1925 e, mais tarde, já nos anos de 50, realizou-se o primeiro mapeamento desta enorme estrutura geológica.

A DMA passou então a ser aceite como evidência para a plausibilidade da teoria da deriva continental de Wegener e, mais tarde, da teoria da tectónica de placas.

A candidatura da Dorsal Média-Atlântica na lista indicativa de Portugal a Património Mundial foi elaborada pela Direção Regional dos Assuntos do Mar, em parceria com a Direção Regional da Cultura.

Fonte: GaCS

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