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Barcos Congeladores fazem subir preços do atum ao pescador

Barcos Congeladores fazem subir preços do atum ao pescador

O preço por quilo do atum patudo subiu nos portos açorianos, chegando a atingir os 2.60 euros por quilo ao pescadores depois de, em anos mais recentes, nem chegar aos dois euros o quilo. Esta subida de preço deve-se, sobretudo, ao aparecimento de novas empresas a operar no mercado da compra do atum às embarcações. É o caso dos navios congeladores, fretados por empresas com sede na Região, que compram o patudo para ultracongelação a menos de 60 graus – um choque térmico que conserva todas as potencialidades da qualidade do atum. Estes barcos estão a nivelar, por cima, os preços do atum, obrigando os outros compradores – na lota e as fábricas – a subir os preços que vinham praticando. Tem aumentado, assim, o rendimento dos pescadores de atum nos Açores mas, a valorização do pescado vai ser ainda maior se vierem a concretizar-se projectos como a construção de uma unidade de ultracongelação de atum na Região e a eventual entrada na frota da SATA Internacional de um avião cargueiro para o transporte, em tempo útil, do atum em fresco e de outros produtos perecíveis. (Pode ler reportagem sobre a valorização do atum nos Açores na edição de segunda-feira do ‘Atlântico Expresso’).

´O navio congelador ‘Paloma Reefer’, com bandeira de Malta e registado no porto de La Valeta, é um dos dois navios fretados pela empresa madeirense ‘Pescaromas’, com sede nos Açores, que está a adquirir atum patudo nos portos de Ponta Delgada e da Horta a um preço na ordem dos 2.20 euros o quilo, soube o ‘Correio dos Açores’.

Os patudos de maior porte poderão atingir os 3,5 a 4 euros o quilo.

A empresa ‘Pescaromas’ Unipessoal’ tem sido no Pico da Pedra e dedica-se à preparação de produtos da pesca e da aquicultura.
Ao ser ultracongelado a temperaturas negativas de menos 60 graus, o atum mantem todas as suas propriedades, atingindo – quando descongelado – preços elevados no mercado internacional.
O atum descarregado nestes navios tem como destino a exportação. O ano passado, o atum adquirido e ultracongelado em navios de congelação na Região, foi colocado nos mercados do Japão e de Espanha.
O atum (patudo e voador) que foi descarregado para os navios congeladores que, o ano passado, operaram na Região, fez com se atingissem preços médios de venda bastante aliciantes, tendo feito o preço médio subir cerca de 0,50€. 
O ano passado, o preço médio de venda do atum patudo nos navios congeladores foi de 2,60 euros o quilo e, na lota, o preço médio foi de 2.50 euros. 
O atum destinado à indústria no ano passado foi pago pelas conserveiras a um preço médio para o patudo na ordem de 1.25 euros, e este ano já fecharam contratos para esta espécie a 2,20€. Para a espécie de atum bonito, em 2012, os industriais pagaram a 1.15 euros o quilo e, este ano, fecharam contratos a 1.25 euros.
A opinião generalizada da maior parte dos armadores da frota atuneira é que a presença dos navios representa “uma mais-valia, pois para além de garantirem um melhor preço médio na venda, asseguram também uma maior celeridade nas descargas, e o escoamento diário de todo o patudo capturado sem grandes perdas de tempo”.
No ano passado estivemos a operar no Mar dos Açores embarcações que tinham bandeira de países terceiros, mas que, no entanto, estavam fretados a empresas sedeadas na Região Autónoma dos Açores. 
O director regional das Pescas, Luís Fernando Macedo da Costa, é de opinião que “existe margem de manobra para os três tipos de venda: a venda em lota que poderá vir a atingir preços médios mais elevados para o atum que apresente grau de frescura e de apresentação óptimos que permita uma exportação em fresco; a venda através de contratos de venda directa para os navios que também têm margem óptima de progressão para o atum de qualidade”.

2.700 toneladas de atum pescadas até 25 de Junho

O director regional considera “extremamente importante que todos os intervenientes na fileira da comercialização entendam que a estiva e manuseamento do pescado, feitos em condições, representará, sem dúvida, uma mais-valia que se refletirá no preço final a pagar ao armador”.
De Janeiro até ao dia 25 de Junho de 2013 foram capturados no Mar dos Açores cerca de 2.500 toneladas de tunídeos.
Com 890 toneladas capturadas, 2010 foi o ano mais fraco, da presente década, para a captura do atum patudo. Esta espécie passa nos mares dos Açores no primeiro semestre de cada ano e até meados do mês de Julho.
Já no ano de 2011 foram capturadas cerca de 2.780 toneladas, enquanto que, no mesmo período do ano passado, ou seja, até 25 de Junho, haviam sido capturadas cerca de 3.225 toneladas. 
Este ano de 2013, foram capturadas até ao momento cerca de 2.500 toneladas. No entanto, é importante ter em atenção que a safra do atum começou este ano mais tarde, devido ao inverno rigoroso que assolou a Região.
A safra atuneira apenas se iniciou, este ano, durante o mês de Maio quando, no mesmo período de 2012, já haviam pescado 620 toneladas de atum.
Embora haja menos pescado capturado este ano por comparação com o ano passado, se forem contabilizados os dias de mar efectivos de pesca, a direcção regional das Pescas acredita que os números seriam muito semelhantes. 
No corrente ano tem havido um outro factor que “não é controlável que tem sido a escassez de isco”. De facto, a falta de chicharro e sardinha “tem provocado alguns constrangimentos na pescaria embora as embarcações tenham conseguido contornar esta situação à custa de alguma imaginação como é apanágio do pessoal do mar”.

Fonte: Correio dos Açores in ACPA

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