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Presidente da Federação das Pescas deixa alerta sobre descargas de atum que registaram quebras “abruptas” nos últimos cinco anos nos Açores

Presidente da Federação das Pescas deixa alerta sobre descargas de atum que registaram quebras “abruptas” nos últimos cinco anos nos Açores

O Presidente da Federação das Pescas dos Açores apresentou recentemente junto do ICCAT – International Commission for the Conservation of Atlantic Tunas, em Bruxelas, um estudo sobre as graves consequências para a sustentabilidade dos ecossistemas marinhos, provocadas pela utilização de técnicas de pesca utilizando Dispositivos de concentração de pescado (FADs).

Segundo Gualberto Rita, “o problema assume particular relevância com as espécies migradoras como o atum. Os tunídeos são migradores, inserem-se em diferentes contextos geográficos, sendo pescados por frotas de pesca de países diferentes. Esta vulnerabilidade pode conduzir à sobrexploração e a sua gestão, que deve ser comum entre diferentes Estados, pode tornar-se difícil. A proliferação a que se tem assistido do uso dos “Fish Aggregation Devices” (FADs), especialmente na costa africana, limita o percurso natural do atum, concentrando-o, tendo um efeito com impacto imprevisível no futuro de alguns stocks”.

“No Atlântico o uso de FADs, em pouco tempo, passou de dezenas a dezenas de milhares. Nos Açores cerca de 60% da frota está licenciada para a pesca do Atum, nos últimos 5 anos as descargas de tunídeos na Região registaram um decréscimo abrupto (mais de 85%) levando a que as empresas que se dedicam à captura destas espécies se encontrem em situação financeira complicada, temendo a Região Autónoma dos Açores que, a manter-se este padrão, possamos assistir a uma situação de falência generalizada” refere o mesmo responsável, salientando que “o emprego directo criado afecta mais de 600 famílias de pescadores e os efeitos transversais desta crise, pelo emprego indireco, estendem-se ao comércio e à indústria de conservas regional com graves repercussões no PIB, no emprego e nas exportações regionais”.

Assim, a Federação das Pescas considera “urgente implementar medidas precaucionárias e estudar o real efeito destes dispositivos. Deve o ICCAT e a Comissão Europeia propor a extinção ou uma limitação mais restritiva no uso de FADs na pescaria de tunídeos de modo a evitar a sobrepesca e diminuir os impactos negativos do seu uso na rota migratória dos tunídeos. É importante que se reconheça que a pesca de atum com salto-e-vara, arte de anzol, altamente selectiva, praticada nos Açores e devidamente certificada e reconhecida com os estatutos de friend of the sea e dolphin safe, deve merecer um tratamento diferente da pesca do atum industrial, predadora, que usa redes de cerco e tecnologias avançadas de detecção e extracção. Não é comparável uma técnica artesanal, que pesca um peixe de cada vez, com técnicas super intensivas, que em cada lance capturam centenas de toneladas” acrescenta Gualberto Rita na reunião em Bruxelas.

Fonte: Correio dos Açores

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