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Gualberto Rita afirma que 80% dos 31 barcos da frota atuneira dos Açores estão parados devido aos elevados custos dos combustíveis
Como está a safra do atum?
A safra do atum nos Açores já começou embora com capturas muito reduzidas. O registo que tem havido é do atum patudo, mas em quantidades muito reduzidas. Tem havido também alguma captura de atum rabilho em quantidades inferiores às capturadas no ano anterior.
A razão apontada para esta redução de capturas prende-se única e exclusivamente à subida do preço dos combustíveis. As embarcações atuneiras nos vários segmentos da frota estão muito reticentes nas suas saídas devido ao elevado preço dos combustíveis, tanto nos Açores como na Madeira.
Estamos a falar de embarcações açorianas, ou seja, temos embarcações açorianas que operam nos Açores, porém a maior parte das embarcações começam normalmente a sua actividade – safra – a partir da Madeira. Essas embarcações estão actualmente todas paradas. As que têm saído são muito poucas devido à gestão dos combustíveis, uma vez que o valor que está a ser praticado é insuportável, pelo que não é viável de forma alguma exercer a actividade normalmente.
Não concordamos com algumas afirmações que já foram feitas, nomeadamente que não está a haver captura porque não há atum, o que não corresponde à verdade. Na verdade para que haja atum e para que se chegue aos cardumes, é preciso que as embarcações estejam no mar, algo que não está a acontecer de momento.
Em quanto é que se poderia baixar o preço do combustível?
O Governo Regional da Madeira já se pronunciou sobre esta matéria, designadamente sobre a possibilidade de se descer dez cêntimos por litro no preço do combustível. O preço do combustível ronda, na Madeira e nos Açores, neste momento um euro por litro, tornando-se como já referi, insuportável para nós nesta actividade. Estamos a falar de embarcações que normalmente têm gastos entre os 1.500 e os 2.000 litros de gasóleo por dia, pelo que por esta razão consideramos que é insustentável.
O Governo da Madeira prevê uma possível descida de dez cêntimos ou uma comparticipação aos pescadores. Temos também a informação que os nossos camaradas das Canárias fizeram uma redução de vinte cêntimos até ao dia 30 de Junho. Precisamos igualmente de ajudar a nossa a frota a exercer a actividade de uma forma mínima.
O Governo dos Açores não se pronunciou ainda?
Estranhamos o facto de o Governo dos Açores ainda não se ter pronunciado sobre esta matéria, sabendo que para nós isto é insuportável. Ter em atenção que isto não é só para o segmento do atum, mas de toda a frota, designadamente a costeira, a artesanal e frota maior. Nós não conseguimos aguentar, pelo que estamos a pedir ao Governo que tome medidas para atenuar o preço dos combustíveis, caso contrário vamos ter que fazer a paralisação da frota, pois não conseguiremos continuar a trabalhar com estes valores.
Existem vários barcos de atum, que costumam pescar nos Açores e descarregar na Lotaçor, que ainda não saíram do Funchal, devido ao preço dos combustíveis…
Exactamente, a grande frota atuneira açoriana é composta por cerca de 31 embarcações e arrisco a dizer que neste momento cerca de 80% das embarcações estão paradas na Madeira. Apenas cinco ou seis embarcações têm saído alternadamente e por muito pouco tempo, pois têm de gerir muito bem esta questão dos combustíveis. Como saem pouco a probabilidade de encontrar cardumes é muito menor. Até ao momento não houve pesca significativa de atum.
Os barcos atuneiros, registados nos Açores, não estão a pescar nada?
Os barcos dos Açores na Madeira não estão a pescar praticamente nada. Nos Açores já houve algumas capturas mas mínimas, muito pouco mesmo. Isto prende-se com a questão do aumento de preço dos combustíveis.
Está a salientar que a subida do preço dos combustíveis está a inviabilizar a pesca…
Sem dúvida. É importante referir que isto tem maior impacto nos atuneiros, pois são embarcações que normalmente andam mais no mar e a sua actividade é diferente. Porém o custo dos combustíveis está a ter impacto não só na pesca do atum mas também na restante pescaria. Nós contabilizamos que a despesa que temos relativamente aos combustíveis corresponde a aproximadamente 50% dos custos de produção numa embarcação de palangre, numa embarcação de atum esta despesa é maior, mais concretamente cerca de 60% a 70%. Esta é uma comparação do impacto que isto tem nos custos de produção.
Portanto, este é um problema para a pesca em geral mas com maior impacto no atum, pois são embarcações maiores.
Já está prevista uma data para o acordo com os pescadores de chicharros, por causa da fuga à lota?
Ainda não, mantém-se tudo como estava desde a última entrevista que dei ao Correio dos Açores. A situação mantém-se ou seja, aguardamos uma portaria da parte do Governo Regional dos Açores acerca deste acordo com os pescadores de chicharro. Como já referi, não concordamos com a afirmação do Senhor Secretário quando disse que a CPA – Cooperativa de Pesca Açoriana não reunia as condições. As condições estão reunidas, assim queira o Governo dos Açores resolver a situação.
Porquê esta demora?
A única informação que tenho é que está a ser elaborada uma portaria desde esta altura. Dia 24 deste mês, salvo erro, faz dois meses que tivemos a reunião com a Secretaria Regional e com os Armadores acerca do assunto. Obviamente que é uma situação que nos preocupa e que se prolonga no tempo. A informação que temos da Secretaria é a de que estão a elaborar uma portaria que ainda não saiu.
20/04/2022
Fonte: Correio dos Açores / Carlota Pimentel