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Cresce a procura de peixe português nos mercados internacionais
“Oportunidade única” para relançar a pesca algarvia.
As ações de marketing que afirmam que Portugal tem o “melhor peixe do mundo” estão a dar frutos, com o nosso pescado a ter grande projeção por toda a Europa e pelo mundo. A prova disso é que as exportações de produtos de pesca estão a crescer desde 2012. Em declarações ao JA, o presidente da Organização de Produtores de Pesca do Algarve, Miguel Cardoso, diz que esta é “uma oportunidade única para relançar o setor” na região. O cenário é de otimismo, mas ainda há muito trabalho a fazer para o Algarve recuperar o protagonismo e o retorno financeiro associado à produção pesqueira.
O mundo está finalmente a reconhecer a “qualidade única” do nosso pescado e, devido a isso, o setor da pesca está em franca recuperação, afirma a ACOPE – Associação dos Comerciantes de Pescado, destacando que as exportações de produtos de pesca portugueses crescem há cinco anos consecutivos.
Segundo a associação, este reconhecimento deve-se muito às ações de marketing das autoridades do setor que afirmam que Portugal tem o “melhor peixe do mundo” e que, desta forma, “tem levado a uma grande curiosidade do mercado internacional por este produto”.
Em declarações esta semana ao JA, o presidente da Organização de Produtores de Pesca do Algarve (OlhãoPesca), Miguel Cardoso, confirma que as exportações dos produtos da pesca transformados (conservas, congelados, etc.) estão em expansão e “os produtos processados nas poucas fábricas existentes no Algarve não são exceção”.
Outro grupo cujas exportações se têm evidenciado foram os moluscos, onde o polvo se tem destacado.
“Os nossos produtos da pesca estão a ter grande projeção por toda a Europa e pelo mundo, graças às políticas assumidas pelos governos recentes, com a colaboração de todos os operadores intervenientes na cadeia de valor. Assim, o resultado desse esforço começa a dar frutos com o efetivo reconhecimento da qualidade do nosso pescado, bem como das formas de processamento”, salienta.
Potencial ainda não se traduz no aumento de vendas.
Segundo Miguel Cardoso, as ações promocionais têm incentivado “uma crescente procura e a prova por parte dos consumidores, bem como dos operadores turísticos”, o que tem resultado em mais valias para o setor.
Mas há ainda muito trabalho por fazer, pois esse potencial ainda não se traduz diretamente no aumento das vendas, porque muitas das espécies capturadas pela nossa frota ainda são desconhecidas nos mercados potenciais.
“De uma forma geral, o volume de vendas não aumentou, mas houve um ligeiro aumento do preço médio do pescado. Ou seja, manteve-se ou até baixou a oferta, para uma boa gestão dos recursos, e aumentou a procura”, explica o presidente da OlhãoPesca.
Em relação ao facto de as espécies mais capturadas (carapau e cavala) não serem tão comerciáveis nos mercados internacionais, Miguel Cardoso adianta que esse aspeto pode ser facilmente contornável, com “a criação de pratos e receitas junto dos operadores turísticos para promover estas espécies”, dando assim continuidade às operações de marketing que têm vindo a ocorrer, com sucesso, nos últimos anos.
Porque temos um peixe tão especial?
Miguel Cardoso considera que a excelência do nosso pescado “deriva do facto de ser colocado à disposição do mercado poucas horas após a sua captura, por ser capturado por artes de pesca pouco agressivas em termos de operação de pesca e por tratar-se de uma costa oceânica ambientalmente bem preservada”. Todos estes fatores fazem com que o nosso pescado seja de “grande frescura e qualidade”.
É esta diferenciação que, na opinião dos grandes especialistas e chefs, tornou o peixe português especial e tem feito subir o interesse pelo peixe nacional nos mais exclusivos restaurantes do mundo.
O presidente da Organização de Produtores de Pesca do Algarve revela que “Espanha continua a ser o maior comprador” do pescado algarvio, mas há muitos outros países interessados nos nossos produtos de pesca, como a França, Itália, Suíça, Brasil, Estados Unidos, Canadá, Angola e Japão.
“Os próximos cinco anos são decisivos”.
Falando das espécies com maior potencial de exportação, Miguel Cardoso refere “o polvo, o atum rabilho, a sardinha, a cavala, os crustáceos, a pescada e alguns moluscos bivalves” que, pela sua qualidade, podem vir a criar nichos de mercado com um alto valor acrescentado.
Assim sendo, está traçado um quadro de otimismo para a fileira do peixe português, apoiado nas campanhas de divulgação que têm resultado em sucessivos recordes de exportação.
Para a Associação dos Comerciantes de Pescado, “os próximos cinco anos são decisivos, tanto no aumento das vendas para os mercados tradicionais, como na procura de outros mercados que poderão também vir a revelar-se como grandes consumidores”.
O presidente da OlhãoPesca partilha deste otimismo, suportado pela “grande projeção a nível mundial do pescado português”, que encara como “uma oportunidade única para relançar o setor pesqueiro nacional, bem como toda a cadeia de valor”. “Cabe-nos aproveitar esta oportunidade e dar continuidade ao trabalho entretanto iniciado”, sublinha Miguel Cardoso.
Peixe importado fornece três quartos do consumo nacional.
Mas se as exportações estão em crescimento desde 2012, também as importações estão a aumentar, devido ao facto de a frota pesqueira ser bastante reduzida para responder ao consumo interno, o que resulta na importação de peixe de países não comunitários. Atualmente, o peixe importado já fornece três quartos do consumo nacional.
“A pesca nacional sofreu uma redução considerável nos últimos 20-25 anos devido às políticas adotadas, bem como aos abates que ocorreram na frota de pesca, sendo que estes fatores tiveram – e ainda têm – influência no atual cenário”, acentua Miguel Cardoso, frisando que a razia da frota pesqueira conduziu à invasão do mercado com pescado transformado importado, fácil de confecionar e consumir”.
Desde o início dos anos 90 que a frota algarvia perde dimensão e todos os anos a receita de Bruxelas é cortar nas quantidades de apanha. Porém, em 2017, a quota de pesca para Portugal terá um aumento de 11%, subindo para as 121 mil toneladas.
Ainda assim, persistem alguns constrangimentos, como o facto de os pescadores e armadores do Algarve não terem recebido os subsídios relativos à cessação temporária da pesca da sardinha. O Ministério do Mar admite que não está tudo pago, mas que o dinheiro chegará até ao final do mês.
Mesmo assim, o aumento da procura por parte dos mercados internacionais é um sinal de esperança para o setor e uma oportunidade para o Algarve voltar a ganhar o protagonismo e o retorno financeiro associado à produção pesqueira. É o que esperam os pescadores e os consumidores do “melhor peixe do mundo”.
Fonte: Jornal do Algarve