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Embora sem consenso Federação das Pescas dos Açores aceita interdição de pesca do goraz

Embora sem consenso Federação das Pescas dos Açores aceita interdição de pesca do goraz

A Federação das Pescas dos Açores mostrou-se hoje favorável à interdição da captura de goraz durante quinze dias, embora sem consenso, e defendeu medidas para evitar um novo período de defeso em 2015.

“A maioria está de acordo que o fecho se tivesse realizado e agora estamos a trabalhar no próximo passo que devemos tomar a partir do dia 01 de agosto para que consigamos ter quota até o dia 31 de dezembro, porque a nossa grande preocupação é que a gente possa ter quota pelo menos em dezembro, que é quando o preço médio do goraz está mais alto”, explicou, em declarações à Lusa, o presidente da Federação de Pescas dos Açores.

Gualberto Rita falava no final da reunião da assembleia geral da federação, que decorreu hoje na freguesia de São Mateus, na ilha Terceira, tendo participado todos os presidentes das associações de ilha, com exceção do da ilha de Santa Maria.

Em discussão esteve sobretudo a proibição da captura do goraz entre 15 e 31 de julho deste ano, que foi contestada por algumas associações.

Um grupo de pescadores e armadores da ilha de São Miguel entregou mesmo hoje ao Governo Regional um documento a pedir a “aplicação de apoios” na sequência da suspensão da pesca da espécie.

“Percebemos que ninguém quer que uma decisão destas seja tomada, mas dada a forma como tem decorrido a pescaria até esta data e uma vez que já estão alcançados 71% da quota capturada, tem que haver um esforço de todos nós para que a gente consiga ter essa quota aberta nos meses em que o valor médio é mais alto”, salientou Gualberto Rita.

A Federação das Pescas dos Açores decidiu também apresentar uma proposta ao Governo Regional no sentido de “aumentar o tamanho mínimo” do goraz nas ilhas que já esgotaram a sua quota para tentar evitar que seja necessário um novo período de paragem na captura da espécie este ano.

Em 2015, a quota do goraz nos Açores sofreu uma redução de 25% e no próximo ano vai registar um corte de mais 25%, por isso o Governo Regional já propôs um período de defeso entre 15 de janeiro e 29 de fevereiro, que, na opinião de Gualberto Rita, é necessário.

“Vamos ficar só com 507 toneladas. É impossível, com o número de embarcações que temos, não fazer nada. Temos de fazer alguma coisa para que pelo menos durante um mês e meio não se pesque o goraz e que no resto do ano consigamos pescar”, salientou, explicando que em janeiro e fevereiro o preço médio da espécie “está mais baixo”.

Em 2017, o presidente da Federação das Pescas espera que comece a haver alguma retoma da quota, mas alerta para a necessidade de se convencer a Comissão Europeia de que a redução das quotas não faz sentido.

“Vamos ter que tomar medidas urgentes na parte da investigação. O Governo Regional, junto com as associações, tem de provar que os ‘stocks’ do goraz não estão tão maus como a Comissão assim o indica. Não vemos razão para que esta redução seja aplicada nos Açores, não só para o goraz como para outras espécies que têm vindo a afetar as pescas”, frisou.

Para já, as associações defendem que é preciso estudar junto com o Governo Regional formas de compensar os pescadores pela quebra de rendimentos no período de defeso previsto para o início do próximo ano.

“O goraz é uma das espécies mais importantes para o rendimento dos pescadores. Julgo que deve atingir à volta dos 25% do rendimento dos pescadores”, salientou Gualberto Rita.

A assembleia geral da Federação das Pescas dos Açores discutiu também a possibilidade de se criarem quotas de goraz por ilha, mas a matéria não gerou consenso.

“Isso seria alterar a regra do jogo e uma vez que os nossos pescadores e armadores não estavam preparados para que isso acontecesse achámos que não era o mais justo. Temos de trabalhar em conjunto de Santa Maria ao Corvo”, defendeu o presidente da federação.

Fonte: Açoriano Oriental

 

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