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Greve nos portos provoca rupturas em bens alimentares e prejuízos consideráveis às empresas açorianas
Há grandes superfícies que já sentem rupturas pontuais de frutas e legumes e outras cujos produtos específicos para a Páscoa não deverão chegar a tempo de ir para as prateleiras. A greve vai manter-se até dia 1 de Abril.
A greve dos trabalhadores das administrações portuárias, que se vai manter até às 24:00 de sexta-feira para reivindicar que as administrações cumpram o acordo colectivo de trabalho, está a condicionar a actividade de muitos empresários que já começam a fazer contas aos prejuízos.
Com navios porta-contentores a não serem descarregados, os produtos perecíveis a bordo vão acabando por se deteriorar e o destino passa a ser, muito provavelmente, o lixo assim que forem descarregados. Mas há também produtos específicos para esta época de Páscoa que estavam destinados a ser comercializados durante esta semana e que ainda se encontram nos contentores em alto mar e que não deverão ser descarregados a tempo.
Esta é uma situação com que se debate, por exemplo, o empresário José Damião de Medeiros, das lojas Casa Cheia, que confessa que além dos produtos perecíveis houve também um reforço das encomendas para este período da Páscoa e agora não sabe que destino lhes dar, a manter-se a greve. “Ninguém vai comprar ovos de Páscoa depois da Páscoa”, refere o empresário.
Além dos ovos de chocolate, José Damião de Medeiros dá também o exemplo dos outros ovos que também tem nos navios que estão ao largo e provavelmente não serão descarregados tão depressa. São cerca de 17 paletes de ovos que têm “uma data de validade que só podem estar nas prateleiras até 7 dias antes do fim da data de validade”, o que pode não vir a acontecer.
Os produtos perecíveis estão acondicionados em contentores de frio, no entanto “têm uma data de validade muito curta” como iogurtes, fiambre, massa folhada ou massa quebrada o que poderá querer dizer que não chegarão sequer às prateleiras das várias lojas Casa Cheia. Com um fim-de-semana prolongado à porta, poderá haver ruptura de stock de alguns produtos nas lojas de José Damião de Medeiros, no entanto, só quando houver ruptura de stocks de bens essenciais em cada ilha é que serão accionados os serviços mínimos.
Para já, José Damião de Medeiros confessa que “não faço ideia de quem nos vai responder pelo prejuízo” que está a afectar também outras grandes superfícies.
Como o caso das lojas SolMar e da loja Recheio, do Grupo Marques, que “de certeza absoluta vamos ter prejuízos, tal como qualquer superfície comercial”, explica Lurdes Rego, Directora Geral do Grupo Marques.
A responsável explica que os contentores de produtos perecíveis deveriam ter sido descarregados na segunda-feira, ou mesmo ontem, no entanto, e apesar dos contentores terem a temperatura controlada, o mais certo é também nem chegarem às prateleiras das lojas SolMar.
Lurdes Rego admite que o Grupo Marques tem mais de uma dezena de contentores nos navios que ainda não foram descarregados e acrescenta que “haverá prejuízo para muita gente quer na distribuição quer no comércio por grosso”, admite.
Também no caso da INSCO, responsável pelas lojas Continente e Meu Super, são os produtos perecíveis que estão a causar mais apreensão. Como o Grupo tem entrepostos de distribuição em várias ilhas, torna-se mais fácil evitar que haja rupturas de stock destes produtos. No entanto, as frutas, legumes, derivados de lacticínios como os iogurtes, e a charcutaria, produtos com datas de validade muito curtas, ainda estão por descarregar em 9 contentores de 40 pés.
Carlos Filipe Medeiros, Director Geral e Administrador Executivo da INSCO, admite que todas as semanas o Grupo recebe mercadoria perecível para conseguir ter stock durante uma semana e por isso prevê rupturas em algumas ilhas.
“Na nossa loja da Horta, não sei se vão receber frutas e legumes antes da Páscoa”, admite Carlos Filipe Medeiros que acrescenta que em algumas lojas noutras ilhas também já há “pontualmente a ruptura de algumas frutas”.
Carlos Filipe Medeiros admite que a manter-se esta greve “vamos ter problemas”, ao nível dos produtos perecíveis que já começam a faltar em algumas lojas e que, quando forem descarregados, possivelmente já não estarão em condições para ser vendidos.
Gado vivo já foi descarregado
Os trabalhadores dos portos estão em greve desde as 00:00 da passada Segunda-feira e vão prolongá-la até às 24:00 de Sexta-feira, tendo sido ainda decretada greve ao trabalho extraordinário das 00:00 de Sábado até às 24:00 do dia 1 de Abril, fim-de-semana de Páscoa.
Os serviços mínimos decretados para esta greve apenas se referem ao trabalho necessário ao abastecimento de bens essenciais em cada ilha, cujos stocks estejam em ruptura. Esta ruptura de bens essenciais deve ser comprovada e declarada pelos Municípios, em conjugação com o Fundo Regional de Coesão, e posteriormente comunicada à Direcção Regional dos Transportes que depois irá informar o Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias da triagem de produtos realizada.
De acordo com informação a que o “Correio dos Açores” teve acesso, os produtos essenciais abrangidos para os serviços mínimos são: medicamentos para fins terapêuticos ou profiláticos, destinados a pessoas e a animais, equipamentos e máquinas de utilização terapêutica destinados pessoas e animais desde que seja declarada a necessidade de carência pelas autoridades de saúde; géneros alimentares deterioráveis de conservação a frio, transportados em conformidade com as normas internacionais, designadamente: carnes; leite; iogurtes e peixe fresco; produtos de origem vegetal perecíveis, como frutas legumes e leguminosas; e combustíveis líquidos e gasosos liquefeitos destinados ao enchimento de recipientes e abastecimento de viaturas, aeronaves, centrais eléctricas e caldeiras industriais.
No entanto, em Lisboa foi aberta uma excepção e o gado vivo que se encontrava a bordo do navio “Monte Brasil”, da Transinsular, foi descarregado ontem durante a manhã. De acordo com fonte da Transinsular, o Sindicato abriu uma excepção por se tratar de animais vivos. Mas nova excepção não será de esperar depois de chegar ontem à noite a Ponta Delgada o navio “Passat”, vindo de Leixões, e que não deverá ser descarregado prontamente.
Também a Mutualista Açoriana não prevê alterações com os seus navios, principalmente com o “Furnas” que se mantém no ancoradouro comercial do porto de Ponta Delgada mas sem operar. Fonte da Mutualista Açoriana confirma que há também incertezas em relação ao “Corvo” que ainda se mantém em Leixões sem conseguir rumar a Lisboa.
Adesão à greve de 17%
De acordo com a empresa Portos dos Açores, no primeiro dia de greve decretada pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias, a adesão dos trabalhadores nos diferentes portos da Região atingiu os 16,67%.
A empresa indica que, tal como estimado, a greve registou uma incidência efectiva nos trabalhadores adstritos a serviços marítimos (como mestres de tráfego local, motoristas marítimos e marinheiros, tripulantes das embarcações de trabalho portuário, ou seja, rebocadores e lanchas de pilotos), operadores de equipamentos portuários e pessoal envolvido nas tarefas de amarração e desamarração de navios.
Quanto ao segundo dia de greve, ontem, a Portos dos Açores indica que se registaram apenas duas situações de incapacidade de realização de operação normal nos portos da Região Autónoma dos Açores, nomeadamente com a presença de dois navios no exterior do Porto de Ponta Delgada, sem conseguir atracar, por razões relacionadas com esta greve – trata-se do porta-contentores “Furnas” e do navio de combustíveis líquidos “São Jorge”. O comunicado indica ainda que “nas restantes carreiras de pessoal a greve praticamente não teve expressão”.
A Portos dos Açores esclarece ainda que “ teve, atempadamente, o cuidado de informar toda a comunidade portuária (desde logo, armadores, agentes de navegação e transitários), no passado dia 13 de Março, que havia sido lançado um pré-aviso de greve, com data de 9 de Março de 2018, pelo Sindicato Nacional dos Trabalhadores das Administrações Portuárias, para o período de 26 de Março a 1 de Abril”, remata o comunicado.
Foto: António Silva / cruzeirospdl.blogspot.pt
Fonte: Correio dos Açores