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O Faial a saque colonial

O Faial a saque colonial

A fábrica do peixe no Faial não era rentável, só que o nosso recurso dá  para custear outros cá virem buscá-lo.

Uma colónia sujeita-se a um País que explora os seus recursos primários a um preço relativamente baixo, enquanto o colonizador transforma essa matéria com a obtenção de mais-valias e enriquece mais do que o povo explorado.

Uma região autónoma, pertence a um Estado mais vasto, assume os seus recursos e com eles gera dinâmicas de desenvolvimento que maximizem em benefício próprio essas mais-valias com um enriquecimento solidário para todos.

Durante séculos várias nações da Europa foram colonizadoras de terras de além-mar e prolongaram este comportamento por mais tempo em África, deixando este continente no século XX altamente explorado e sem tecnologia para este obter mais-valias dos seus recursos. O que justifica a pobreza ainda hoje de muitas nações africanas.

Presentemente, apesar de nos países ricos muito se falar de solidariedade e de muitas nações africanas serem já independentes, na verdade, os Estados Desenvolvidos mantêm por vezes um comportamento colonial e delapidam os recursos daqueles países.

Foi polémica a denúncia do filme documentário “O Pesadelo de Darwin” onde empresas europeias vão à Tanzânia obter peixe a um preço razoável para os africanos mas barato para elas, que depois de tratado é vendido pelos países do velho mundo bem mais caro.

Enquanto a economia no país africano continua estagnada e o seu povo, refém do esquema, nem se apercebe de como é explorado e fica com os restos.

O Faial, pelo seu enquadramento no Atlântico e condições naturais, transformouse num entreposto comercial e plataforma das telecomunicações, o que lhe permitiu uma situação económica desafogada e autossustentada que não correspondia a uma terra colonizada, nem autónoma.

Esta herança possibilitou que o Faial, além do uso passivo geoestrégico, tivesse unidades industriais para transformar os seus recursos naturais: a fábrica da baleia, do peixe, de laticínios e de telha.

Até conseguia importar matérias-primas e aqui produzir mais-valias com refrigerantes, confeitaria, vassouras e sei lá que mais. Era assim a economia desta ilha quando se integrou na Região Autónoma dos Açores.

Muita coisa mudou desde então, alargouse o setor público, fizeram-se muitas obras novas de raiz que aumentaram a capacidade das infraestruturas existentes e já se entrou na fase de demolir o que foi feito para fazer de novo em condições mais modernas.

Mas ao nível industrial vimos fechar quase todas as fábricas e empresas maiores… restou-nos a unidade modernizada da CALF.

Agora até passámos a ver navios virem ao Faial comprar o nosso peixe a um preço razoável para os nossos pescadores, para depois lá longe o mesmo ser transformado e as mais-valias serem ganhas por outros Povos como se fôssemos uma mera colónia deles e, como na Tanzânia, embora partindo de uma base inicial melhor, ficamos com as sobras e ninguém nesta terra explorada se choca.

Assim, pelo modo como fomos governados e instrumentalizados, tornou-se possível pensar que a fábrica do peixe no Faial não era rentável, só que o nosso recurso dá para custear outros cá virem buscá-lo, pagar um pouco mais caro, esperar que os seus porões frigoríficos se encham e ir-se embora para alimentar empresas distantes e ficaram com o lucro que devia ser da nossa economia.

Assistimos a empresas a receberem subsídios para modernizarem fábricas no Faial, que depois de sacarem são fechadas e vão para outras bandas com ampliações subsidiadas, enquanto ficámos com os desempregados ou os nossos a ir trabalhar fora da ilha e já se ouve que em breve haverá subsídios para a transferir a fábrica mais próxima para outros concelhos mais longínquos da Horta.

Infelizmente o Faialense assistiu a isto tudo sem se revoltar e sem culpar quem o tratou assim, pois tal como noutros povos colonizados, muitos não vêem que não vamos no bom caminho.

Basta que se acene com uma promessa das reivindicações que merecemos ou façam obras sem dimensão de futuro para se ficar deslumbrado, enquanto o Faial fica cada vez mais refém de um modelo económico que engana e não desenvolve a nossa economia e compromete o futuro.

Quem criou e apoiou este modelo de economia colonial que nos fecha fábricas e explora o nosso mar como se fôssemos uma mera Tanzânia dentro da Europa?

Carlos Faria in INCENTIVO

4 Comentários neste artigo

  1. ZE PESCADOR

    OS COLECIONADORES DO NOSSO ESPOLIO QUE SE PREPAREM QUE EU JA VI O SOBEMARINO AMARELO NO MAR

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  2. Ortins Sandro

    Tem de tudo lindo nesse conjunto marítimo & além mar…de; metais fundiados( ocultamente procurado ) a a saúde animal com vastas opções inigualáveis & Huma Nação esplendida ! Com uma cultura de liberdade ou morte ,linda!
    Vista espalhada por todo mundo, em lugarejos até sem luz ou agua , mas; com o Santo Espirito Santo , na produção de queijos caseiros , lingüiça , vocabulário , na alegria de esta vivo & livre.
    Assim remento este testo , pois vejo minha nação Açoriana si entristecendo …apesar de ter tudo e muito mais!
    Estão sendo tratados como parvos!!! Cuja própria política esta apenas expulsando as antigas famílias . Como pobres do Cristo, que vendem tudo a presso de boga ,para serem escravos no continente. Ou estrangeiro que ka vêem afim de nao preserva o nosso respeito a nossa terrinha deixando nos mais carente. Ou atravessadores dos nossos produtos ganharem mais$$ que o próprio fornecedor. Ou pressos caros em mercadorias continentais sem boa qualidade de consumo. Ou miúdos como porcos “sem “nenhuma repressão da justiça , sexo , drogas pesadas , álcool , sigarro & audrabses . Ou até a fauta de faculdades em cada ilha! Para que seu filho ” nao” tenha que ir para o continente se sujeitar . Mais industrias & até fabricas , que possam assegurar auto sustentabilidade ao arquipélago .
    Então. Amo vos …
    Tirerenmos essa idéia que nossa escolaridade percapita atrapalha o progresso , dermos mais atenção aos mestres (idosos) ,aos miúdos, & falem a verdade ; no jesto ,no voto & na revolução

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  3. O Faial continua “feliz” e “quer” eleger, novamente, quem nos deu um rebuçado e se regala a comer a tablete.E assim vamos vendendo o “ouro aos bandidos” e fechando as nossas fabricas…

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  4. Gregório

    Em meu entender foi o Governo, com a sua mania de ser empresário, e lixando os privados. Acabou com a iniciativa privada.

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