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Peixe gigante invade rios portugueses
O siluro, um peixe-gato gigante que chega a atingir os três metros e a pesar mais de 100 quilos, está a invadir os rios portugueses, colocando em risco as espécies nativas. «O siluro é um predador de topo, e come absolutamente tudo o que lhe aparece à frente», explica o especialista em peixes da Associação de Conservação da Natureza – Quercus, Paulo Lucas.
Uma situação que este e outros peritos ouvidos pelo SOL dizem ser preocupante por colocar em risco muitas das espécies de peixes que vivem nas águas nacionais. «É uma ameaça tremenda para as espécies endémicas de peixes, sobretudo espécies muito ameaçadas», alerta Vítor Almada, biólogo especializado em peixes do Instituto Superior de Psicologia Aplicada (ISPA).
Segundo os especialistas, nos últimos «três, quatro anos» foram avistados siluros em pelo menos cinco rios: Tejo, Pônsul, Ocreza, Guadiana e Zêzere. Além de ameaçar a biodiversidade dos rios, o peixe-gato pode ser perigoso para os humanos. «Nas praias fluviais, os banhistas deviam ser alertados para ter especial cuidado», avisa Paulo Lucas.
A data de entrada no pais ainda está a ser estudada, porém, os investigadores acreditam que «terá chegado há quatro ou cinco anos», adianta Vítor Almada.
O tamanho do siluro – que pode atingir os três metros e já chegou a ser confundido com um crocodilo – fá-lo deter o título do maior peixe pescado em Portugal. João Rua nem queria acreditar quando viu o peixe com mais de um metro e meio de comprimento que emergia sob a sua cana de pesca, no rio Pônsul, na zona do Tejo Internacional, em Agosto passado. «Tinha mais de 13 quilos e bateu o recorde, que ainda se mantém», diz ao SOL o pescador de 49 anos, que há três anos, decidiu dedicar-se em exclusivo à pesca deste peixe-gato gigante: «Nos últimos anos pesquei mais de 50 siluros».
A forma como o siluro, originário do Norte da Europa, chegou a Portugal é ainda desconhecida, mas muitos acreditam ter sido através de transvases das barragens. O que se sabe é que em Espanha entrou com a ajuda de um pescador alemão.
«Muitas espécies exóticas são introduzidas por pescadores que não se apercebem que estão a colocar em causa a sustentabilidade ambiental dos rios», nota Vítor Almada, referindo ainda que o peixe gigante tem fortes aliados na sua conquista pelos rios da Península Ibérica: «Tem uma grande capacidade de locomoção, de reprodução e vive muitos anos», tendo uma esperança de vida que atinge os 60 anos.
O responsável da Quercus, por seu lado, diz não ter dúvidas de que a existência do siluro põe «em causa a sobrevivência da nossa fauna piscícola». E avisa que a situação não é ainda mais grave por este animal gigante preferir «águas paradas, como é o caso das barragens em vez das águas de correntes rápidas», onde se encontra a maioria dos peixes endémicos do país.
Portugal sem plano de preservação
O ambientalista sublinha ainda que a ameaça vai aumentar nos próximos anos, uma vez que nada está a ser feito para proteger os peixes que vivem nos rios nacionais. «Não existe em Portugal um plano nacional de recuperação e defesa das espécies endémicas», alerta Paulo Lucas.
O único plano que existe, implementado pelo Governo, é o de recuperação do saramugo, espécie «seriamente ameaçada». A Quercus tem ainda uma estação aquícola para repovoamento de cinco espécies endémicas portuguesas: o ruivaco do Oeste, a boga portuguesa, o escalo do Mira, o escalo do Arado e, finalmente, a boga do Sudoeste.
Quanto ao siluro, a única forma de controlar a invasão do monstro seria «através da pesca eléctrica», explica Vítor Almada, especificando; «Mas o Estado teria de investir a sério no assunto». Fonte oficial do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade admitiu ao SOL que «não existe nenhum plano específico de combate às espécies invasoras, no caso concreto do peixe-gato» mas acrescentou que aquele organismo «acompanha com especial cuidado e atenção este tema».
Fonte: SOL