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Esclarecimento da Associação de Comerciantes de Pescado dos Açores sobre a venda de atum na lota de Ponta Delgada
A Associação de Comerciantes de Pescado dos Açores enviou à Direcção do Correio dos Açores o seguinte esclarecimento:
“A Associação dos Comerciantes do Pescado dos Açores, mais uma vez, repudia e não se revê no conjunto de opiniões, em forma de suposta notícia, formuladas pelo autor do artigo num texto na edição do Correio dos Açores do dia 12 de março de 2021, sob o título “Rabilho (rei dos atuns) vendido a preços mais baixos que o atum patudo e o atum voador”.
Que qualquer pessoa tenha as suas opiniões e as partilhe é um direito que a Constituição Portuguesa nos confere e não o contestamos, desde que em forma de crónica de opinião. Que alguém com a carteira profissional elabore um texto tecendo todo um conjunto de considerandos, inclusive acusando pessoas e organizações, sem direito a contraditório, já é uma imensa falta de profissionalismo e um péssimo serviço aos leitores do jornal onde o texto é partilhado.
É uma pena que mais uma vez o autor do artigo tenha perdido uma excelente oportunidade para informar devidamente todos os leitores, optando por fazer um texto falacioso e que transmite informação incorrecta para o consumidor.
É somente com este intuito, de informar e esclarecer correctamente os leitores, que decidimos responder.
No primeiro leilão de 2021 no mercado de Toyosu em Tóquio, este ano foi vendido um Atum Rabilho por 165 mil euros, ao contrário dos 1,6 milhões de euros da venda ocorrida em 2020. (https://www.dnoticias.pt/2021/1/5/245298-atum-vendido-por-165-mil-euros-no-primeiro-leilao-do-ano-em-toquio/)
É inacreditável que se vá buscar o preço de 2020 ignorando a venda de 2021. Será talvez porque o preço em 2021 apresentou uma redução de 969,69 % relativamente ao de 2020? Ou será porque não interessava partilhar a explicação que dão no artigo para a brutal descida do preço
“A diferença dos valores reflete a difícil situação económica que atravessa o setor nipónico da restauração, devido à pandemia de covid-19”.
Por outro lado, e ainda fazendo referência a esta primeira venda em Tóquio, alguém que verdadeiramente estivesse preocupado em informar, facilmente encontraria a informação que esta primeira venda em Tóquio é vista como uma campanha de publicidade da maior cadeia de restaurantes Sushi do Japão a Sushi Zanmai, mas também procuraria a informação dos preços a que são vendidos os restantes rabilhos a seguir a esta primeira venda. E já agora, porque é feita a comparação com Tóquio e não com a Madeira, Portugal Continental e Espanha, realidades muitíssimo mais próximas da realidade portuguesa?
A Lota de Ponta Delgada é possível de comparar com a do Japão e de Los Angeles? As quantidades, o tipo e número de cliente, a disponibilidade de transportes e a qualidade e dimensão são comparáveis?
Esta diferença para estes mercados é só no peixe? Ou também acontece nas carnes, nos legumes, nas frutas, nas casas, nos salários das pessoas, no preço de um jornal? Reparem que a tal primeira venda em Tóquio é da maior cadeia de restaurantes de sushi do Japão.
Teremos algum restaurante com capacidade logística para comprar um atum de 200 kgs?
Sabe, ou já tentou saber, o autor da notícia que há um percentual considerado de um rabilho vai para o lixo e que quem o compra tem que pagar para colocar estes resíduos no lixo, inclusivamente tendo de pagar e apresentar à entidade que recebe os resíduos uma análise para que os mesmos sejam aceites, tendo de serem transportados pelos veículos da própria pessoa ou empresa que comprou o peixe? Sabe, ou já tentou saber, o autor da notíciaquantas pessoas são necessárias por lei para tratar um peixe de 200 kgs? Sabe, ou já tentou saber, o autor da notícia, quantas regras de HACCP é obrigatório cumprir por quem compra um peixe, desde que o carrega no cais da lota até que o entrega ao consumidor final e em quantos euros todas estas regras se traduzem?
Certamente, que deverá saber, dado o contacto próximo que assume ter com especialistas, e talvez seja esta a razão pela qual o autor da noticia, tendo sempre tantas certezas de como se tem que fazer a comercialização de pescado, NUNCA abriu atividade nas finanças como comprador, podendo ser associado da ACPA, e juntar-se aos especialistas que consulta, para demonstrar como desenvolver muito melhor o negócio, do que empresas com larga experiencia e conhecimento deste mercado e acima de tudo, com contas anualmente públicas e publicadas.
O que se passa em 2021 no Rabilho nos Açores tem sido excesso de oferta, derivado de uma corrida desgovernada e desorganizada à pesca de uma espécie muito protegida, com uma quota comunitária reduzida e um processo burocrático de controlo muito apertado e acompanhado de perto por parte do ICCAT, através dos certificados eletrónicos, os eBCD (https://www.iccat.int/es/eBCDprog.asp), função de controle a cargo da IRP – Inspeção Regional das Pescas, nos Açores.
Este excesso de oferta de uma espécie de grandes dimensões, que atinge os seus maiores preços quando vendida INTEIRA e não em lombos, ocorreu em simultâneo com enormes restrições em termos de transporte aéreos e de baixas consideráveis no turismo, factores que são determinantes para as flutuações que podem existir na compra e venda de qualquer produto em fresco.
Também é facilmente percetível que comparar os preços de venda de 6 Atuns Voadores (109,4 kgs) e 7 Atuns Patudos (299,1 quilos), com os preços de venda de 380 Atuns Rabilhos (67.754,6 kgs) diz mais de quem faz a análise do que da realidade. Já para não falar de que se evita comparar o preço da primeira venda do patudo, do voador com a da primeira venda do Rabilho, ou seja, mais uma vez é efectuada uma análise estatística tecnicamente pobríssima, comparando alhos com bugalhos.
Tudo isto não invalida que ocorram erros e que existam profissionais incumpridores, também nos comerciantes, tal como os há em todas as profissões e organizações.
Por isto, mais uma vez reiteramos a nossa disponibilidade para o cabal esclarecimento de todas as dúvidas que surjam por forma a manter o mais informado possível o consumidor açoriano”.
Fonte: Correio dos Açores