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Frota atuneira açoriana pescou até Maio menos 70% do atum que pescara em igual período do ano passado

Frota atuneira açoriana pescou até Maio menos 70% do atum que pescara em igual período do ano passado

As 50 toneladas de atum capturadas até ao dia 15 do corrente nos mares dos Açores representam menos 80% do que igual período do ano passado, uma quebra de que não há memória nas pescarias de tunídeos no arquipélago.

O ano passado, por esta altura, a frota atuneira já tinha descarregado nos portos açorianos 250 toneladas de atum patudo e, entre Janeiro e Maio de 2013, havia já feito a descarga de 350 toneladas.

Mas, foi de Janeiro até 15 de Maio de 2012 o período recorde pois as capturas já tinham atingido, nesta altura, as 1.500 toneladas de atum patudo
Mas também no início de 2011 até meados de Maio, já haviam sido descarregadas em portos açorianos 800 toneladas de atum patudo.

Estas estatísticas demonstram que, nos Açores, se está, de facto, a viver, um ano crítico na captura dos tunídeos. A frota atuneira está a fazer enormes gastos em termos de combustíveis e alimentação da tripulação no encalce do atum em redor das ilhas e, até ao final deste mês, só tem acumulado prejuízos.

O investigador açoriano do Departamento de Oceanografia e Pescas, João Gil Pereira, – o especialista que mais percebe da emigração de atum no Atlântico, afirmou ao ‘Correio dos Açores’ que ainda não há uma explicação credível que justifique o afastamento do atum patudo dos mares açorianos nos meses de Abril e Maio deste ano. Eventualmente, explicou, poderá ter acontecido algum fenómeno que fez com que os cardumes se desviassem da sua rota habitual e cheguem mais tarde próximo das ilhas dos Açores, zona mais periférica para onde os atuns emigrem para Norte.

A própria ‘Frente dos Açores’ (uma zona de grande concentração de plantcon e temperaturas ideais para concentração das espécies e, inclusive, do atum) – e que por vezes explicava por onde poderiam navegar os tunídeos – não se sabe bem por onde anda.

João Gil Pereira afasta a argumento corriqueiro de que não existem as condições ideias para o atum estar a navegar próximo da superfície nos mares açorianos, até porque, afirma, as temperaturas são as favoráveis.

O especialista deixa também claro que os stoks de atum patudo no Atlântico estão bons e considera que é “notícia para encher” a que dá conta de que os atuns não estão a chegar próximo das ilhas açorianas devido a uma intensa actividade pesqueira a Sul da Região por parte de navios cercadores com redes e auxílio de helicópteros e explosivos. Este alegado aumento de capturas a Sul levaria a que menos cardumes de atum cheguem às ilhas dos Açores que são o limite Norte da migração dos tunídeos.

Ora, garante João Gil Pereira, não existem navios cercadores de atum a Norte do Senegal e deverão estar, nesta altura, no Golfe da Guiné. E a sua actividade não tem aumentado tão significativamente que influencia o stock do atum patudo no Atlântico, garante o especialista.

Esta visão de João Gil Pereira coincide com a posição do Director Regional das Pescas, Luís Costa. Ambos vêm nas descargas de atum patudo dos últimos dias, na ilha do Faial, um indício de que os grandes cardumes estão a chegar. Ora, se tal acontecer, Junho pode ser um mês de grandes capturas de atum patudo nos mares açorianos podendo salvar a safra deste ano.
Mesmo assim, estamos longe de anos recentes da pesca de atum patudo nos mares dos Açores que levaram navios frigoríficos do Oriente a ancorarem ao largo do porto de Ponta Delgada para comprar peixe mediante contratos com embarcações atuneiras açorianas.

Até agora, apenas os armadores da frota atuneira estão a ter prejuízos com a falta de atum patudo e, com eles, os intermediários que adquirem esta espécie na lota ou em contratos directos com os armadores para o vender em fresco para os mercados americano, espanhol e algum para o Japão.

Algum deste atum patudo é também vendido, em anos normais, no mercado açoriano, a preços que rondam os cinco euros o quilo. Este um, o pouco atum colocado no mercado açoriano ultrapassa os 11 euros por quilo (o dobro do preço habitual), como ontem foi constatar um repórter do ‘Correio dos Açores’ a uma superfície comercial de Ponta Delgada. “Está muito caro”, dizia o consumidor à esposa e ao repórter. “Ponha no jornal”, incentivava o consumidor. Ele estava longe de imaginar que era isso mesmo que ia acontecer.

Normalmente, o atum patudo não se destina às indústrias conserveiras açorianas que estão a aguardar, com algum ansiedade, o final de Junho e meses de Julho e Agosto na esperança de que este seja um grande ano de captura do atum bonito (uma espécie mais pequena que o patudo, e que é transformado nas fábricas).

É também o atum bonito aquele que se aproxima mais das ilhas e proporciona ganhos adicionais à pequena frota pesqueira que, tradicionalmente, pesca o chicharro e cavala.

Vamos ver o que reserva os próximos meses aos pescadores açorianos de atum.

Fonte: Correio dos Açores

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