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Gestão pesqueira tem de ser repensada para evitar rutura de “stocks” na costa portuguesa
Investigadores das universidades de Coimbra e de Kiel (Alemanha) e do Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA) afirmam que é “fundamental repensar a gestão pesqueira”, para evitar “a rutura de ‘stocks’ marinhos” na costa portuguesa.
As alterações climáticas “estão a provocar implicações cada vez mais graves no ecossistema marinho”, salientam os especialistas, que têm vindo a monitorizar, desde 2005, a costa portuguesa, onde registaram, em 2010 e em 2011, uma acentuada tendência para a redução de peixe, disse Vítor Paiva, coordenador da investigação.
Para avaliarem e melhor compreenderem “as implicações das alterações climáticas na saúde dos oceanos”, os investigadores usam, como “modelo de estudo, cagarras, predadores marinhos de topo muito abundantes nas ilhas dos Açores e da Madeira”.
Através de “pequenos dispositivos de seguimento remoto (GPS), colocados num conjunto alargado de cagarras”, a equipa de investigadores “identificou e analisou com detalhe os movimentos destas aves no mar e os fatores que provocam alterações no seu comportamento”, explica uma nota da Universidade de Coimbra (UC).
Nos anos de 2010 e de 2011, “as alterações climáticas tiveram fortes implicações nos recursos marinhos”, salienta a mesma nota.
“As cagarras, que habitualmente têm uma distribuição próxima da costa, foram forçadas a percorrer todo o Atlântico, até ao Canadá, para conseguirem alimento”, o que revela que “houve alterações profundas, que provocaram a ausência de peixe na costa portuguesa”, conclui Vítor Paiva.
A observação contínua dos movimentos e comportamentos das cagarras “fornece informação que permite avaliar as implicações das alterações climáticas em toda a cadeia trófica”, acrescenta o investigador do Instituto do Mar da UC (IMAR), adiantando que os estudos que têm vindo a ser desenvolvidos revelaram “mutações significativas no ecossistema marinho, que indicam a necessidade de tomar medidas para garantir uma exploração sustentável do mar”.
Embora não seja “ainda motivo para alarmismo”, Vítor Paiva adverte que se corre “o risco de, no futuro, se registar uma quebra na disponibilidade de algumas espécies”, designadamente “de valor comercial”, como, por exemplo, sardinha e cavala.
A costa das Berlengas tem sido uma área “prioritária para o alimento” daquelas aves, mas, sobretudo em 2010 e 2011, “observou-se uma redução drástica”, alerta o especialista, reconhecendo, no entanto, que naqueles anos se registaram “invernos muito rigorosos”, que também se terão refletido no comportamento das cagarras, designadamente a nível da reprodução.
De todo o modo, conclui Vítor Paiva, “os desembarques de peixe” têm vindo a revelar “tendência para diminuir”.
O estudo, que tem implicado observações e análises a conteúdos estomacais, ao sangue e dieta daquelas aves migratórias, vai continuar a ser desenvolvido, visando também “auxiliar na definição de zonas marinhas protegidas na costa portuguesa”.
Financiada pela Fundação para a Ciência e Tecnologia (FCT), a investigação envolve especialistas do IMAR, do IPMA, da universidade alemã de Kiel e da Sociedade Portuguesa para o Estudo das Aves.
Fonte: AçorianoOriental