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Há 45 anos que não havia tão pouco peixe fresco em Portugal

Há 45 anos que não havia tão pouco peixe fresco em Portugal

Frota nacional capturou mínimos históricos de peixe em 2014. Preços aumentaram quase 20%.

A quantidade de peixe fresco e refrigerado capturado pela frota nacional em 2014 foi a menor desde os últimos 45 anos, com um decréscimo de 17,1% face ao ano anterior, segundo as estatísticas da pesca hoje divulgadas pelo INE.

O Instituto Nacional de Estatística (INE) acrescenta, no entanto, que esta redução significativa da quantidade foi mais do que compensada pelo aumento também significativo do preço, que cresceu 19,1% face a 2013, correspondendo a um preço médio do pescado em lota de 2,02 euros/quilos (1,70 euros em 2013).

A frota nacional pescou 119.890 toneladas de peixe em 2014, a menor quantidade desde que existem registos sistemáticos (1969), agravando o défice da balança comercial dos produtos de pesca em 44 milhões de euros, num total de 662,5 milhões de euros.

O decréscimo em volume deveu-se à menor captura de peixes marinhos (-19,2%) no Continente, sobretudo de sardinha, que sofreu uma quebra de 42,8%.

Também o atum e a cavala registaram menores volumes de captura (-21,2% e -20,8%, respetivamente), tendo sido igualmente reduzida a pesca de atum nos Açores.

Daí um aumento substancial dos preços que refletiu “uma valorização significativa de espécies habitualmente mais capturadas, como a sardinha, carapau, atum, peixe-espada, pescada e polvo”.

A quebra das capturas contrasta com o aumento de 10% das possibilidades de pesca de Portugal em águas europeias, com destaque para a quota do verdinho (+114%), da sarda (+28%), do carapau (+16%) e da pescada (+15%).

A redução do esforço de pesca prende-se também com a diminuição da frota, que voltou a cair, pelo nono ano consecutivo.

Segundo o INE, “a frota licenciada em 2014 totalizou 4.319 embarcações, o valor mais baixo desde 2006, o que se traduziu numa redução do esforço de pesca com diminuição da arqueação bruta e da potência”.

O défice da balança comercial dos produtos da pesca agravou-se em 44 milhões de euros, totalizando 662,5 milhões de euros, embora represente um aumento de 7,1% face a 2013.

Os “peixes congelados” representaram a maior fatia das importações, com cerca de um quinto do total (21,8% face a 23,0% em 2013).

As transações de “peixes secos, salgados, fumados” agravaram o saldo negativo com o exterior (1,2% face a 2013), totalizando um défice de 214,2 milhões de euros.

O saldo das “preparações, conservas de peixe e preparações de ovas de peixe” manteve-se favorável a Portugal em 2014, correspondendo a 50,4 milhões de euros, apesar da redução do excedente face a 2013 (-12,9 milhões de euros).

A execução do PROMAR, programa de fundos comunitários direcionado para o investimento no setor da pesca, atingia quase 70% no final do ano passado, “suportada pelas elevadas taxas de realização das medidas de apoio à imobilização (temporária ou definitiva) da capacidade e atividade produtivas da pesca”.

O melhor desempenho na execução, face às aprovações, é justificado pelo INE com a “celeridade na execução das medidas de apoio à imobilização temporária da atividade ou imobilização definitiva da capacidade da frota de pesca”

No entanto, no que diz respeito às medidas que favorecem a expansão da capacidade produtiva do setor (assistência técnica, ações coletivas, proteção de flora e fauna, portos de pesca, locais de desembarque e de abrigo), as taxas de realização foram consideravelmente mais baixas.

A dotação do programa PROMAR para 2007-2013, que terá de ser concluído até ao final do ano, fixou-se em 227 milhões de euros, prevendo-se um investimento no setor da pesca de aproximadamente 422 milhões de euros.

29 Maio 2015

Fonte: Económico

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