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Modelo de concessão da gestão portuária em Cabo Verde “é atitude inteligente que deve ser estudada nos Açores”

Modelo de concessão da gestão portuária em Cabo Verde “é atitude inteligente que deve ser estudada nos Açores”

Um total de onze empresas europeias e asiáticas, manifestaram interesse na privatização das actividades portuárias em Cabo Verde e mais de metade preenche os requisitos técnicos para passar à segunda fase do concurso, afirmou na Praia o presidente da Enapor, Carlitos Fortes.

Carlitos Fortes disse que a segunda fase do concurso deverá iniciar-se ainda este mês e que a possível conclusão do processo, com a escolha de um ou mais operadores para os quatro principais portos do país, logo no primeiro trimestre de 2016.
O presidente da Enapor, citado pelo jornal ‘A Semana’, disse ainda que a Unidade das Privatizações e Parceria Público-Privada está a proceder à selecção das empresas que devem transitar para a próxima fase e a ultimar o caderno de encargos do processo de concessão das operações portuárias, para submeter à homologação do governo.
Da lista de interessados constam empresas com sede em Portugal, Reino Unido, Países Baixos, Filipinas, Turquia, China e Singapura.
Nenhuma empresa cabo-verdiana se apresentou a concurso, nem de forma individual nem em parceria, por falta quer de capacidade financeira para garantir investimentos nos quatro portos internacionais colocados a concurso quer de conhecimentos técnicos para aumentar o fluxo de carga nos mesmos.
Apenas as operações nos portos das ilhas de São Vicente, Santiago, Sal e Boa Vista estão a concurso, dado serem as mais rentáveis e as únicas com capacidade para receber tráfego internacional.

“Uma atitude interessante”, Diz Mário Fortuna
Esta iniciativa é encarada com simpatia pelos meios empresariais da Região. Mário Fortuna, presidente da Câmara do Comércio e Indústria dos Açores, afirmou mesmo que se trata de uma “atitude interessante” de Cabo de Verde “e um caso que deve ser estudado pelos Açores”.
Segundo o presidente da Câmara do Comércio e Indústria dos Açores, “trata-se de uma forma de resolver o problema da gestão dos portos que passam a ficar com competências internacionais”.
“Esta é uma forma mais inteligente de actuar nos portos”, sublinhou Mário Fortuna que já tem vindo a defender que o executivo açoriano deveria abrir um concurso público internacional para proceder à concessão do porto da Praia da Vitória.
Esta concessão também é defendida pela Câmara do Comércio e Indústria de Angra do Heroísmo e, praticamente, todo o tecido empresarial terceirense, mas não é esta a solução do Governo Regional dos Açores.
A concessão do porto da Praia da Vitória seria numa lógica de aproveitamento da infraestrutura como mais-valia para a empresa que ficasse com a sua gestão em termos de rotas intercontinentais entre os continentes americano, africano e europeu.
O que é factual é que Mário Fortuna tem vindo a pôr em causa a opção do Governo dos Açores de não mostrar abertura à abertura de um concurso público para a concessão do porto terceirense.

Lizuarte Machado: “Só o porto de Ponta Delgada reúne condições para ser concessionado…”
Posição ‘sui generis’ tem o deputado do PS/Açores à Assembleia Legislativa Regional, Comandante da Marinha Mercante, Lizuarte Machado, que começa, desde logo, por explicar, que o concurso público de concessão da gestão dos portos de São Vicente, Santiago, Sal e Boa Vista, em Cabo Verde, abrange uma rota interna, situação que a legislação nacional não permite nos Açores.
Mediante a legislação actual, os navios dos três operadores de transporte marítimo, ‘Transinsular’, ‘Mutualista Açoriana’ e ‘Box Lines’ têm de tocar, pelo menos, cinco portos dos Açores, não sendo permitido, legalmente, a existência de rotas internas.
Esta circunstância tem vindo a ser duramente criticada pela Câmara do Comércio e Indústria dos Açores que entende que, tal como sucedeu com o transporte aéreo, se deveria liberalizar o transporte marítimo para Ponta Delgada, criando-se rotas internas de serviço público.
O facto é que, sem a existência de uma rota interna que possa ser concessionada nos Açores, afirma Lizuarte Machado que o único porto açoriano em condições para em concurso público despertar apetências em termos de concessão é o de Ponta Delgada, que movimenta 55% da carga contentorizada na Região (excluindo granéis).
O comandante da Marinha Mercante está convencido que, com 24 por cento de carga contentorizada movimentada (excluindo granéis) o porto da Praia da Vitória, por si só, “dificilmente terá concorrentes nacionais e internacionais num concurso público de concessão”.
Lizuarte Machado lembra que os portos do triângulo Pico, Faial e São Jorge movimentam 16 por cento da carga contentorizada dos Açores (excluindo granéis) uma percentagem que não fica a muita distância da Praia da Vitória.
Lizuarte Machado chega à conclusão de que o porto de Ponta Delgada “é, de facto, a grande Hub dos Açores” e dá uma explicação: Matérias-primas importadas e descarregadas em Ponta Delgada a que é acrescentado valor em São Miguel representam o movimento de cinco mil contentores por ano para outras ilhas da Região.
Outro exemplo dado pelo Comandante da Marinha Mercante: “Só um cliente de São Miguel – a UNILEITE – movimenta 100 contentores por semana a partir do porto de Ponta Delgada, o que representa uma exportação superior à de toda a ilha Terceira.

Fonte: João Paz / Correio dos Açores

 

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