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No mercado continental o salmão é vendido a 8 euros e nos Açores os preços estão entre 16 e 18 euros

No mercado continental o salmão é vendido a 8 euros e nos Açores os preços estão entre 16 e 18 euros

A Associação de Consumidores dos Açores alegou “falta de meios humanos e financeiros” para analisar as razões que justificam que o peixe seja comprado na lota de São Miguel a preços baixos, por vezes até muito baixos e, depois, atinja preços muito elevados no mercado local.

Mário Reis disse ao ‘Correio dos Açores’ que a associação tem “uma análise um bocado simplista, que não pode ser levada à letra. “Ainda com algumas reservas, eu diria que a liberalização de preços tem dois anos e não trouxe nada de novo. O preço ao consumo continua elevado enquanto que, na lota, é muito baixo. As razões de tal situação ainda não são conhecidas. Poderia haver quotas, poderia haver uma forma de moderar a exportação. Como sabe, a maioria do nosso bom pescado é todo exportado. E fica pouco no mercado local”.

O jornalista questionou o presidente da ACRA se, na sua opinião, ainda não existem razões para o governo reavaliar a liberalização dos preços do peixe?

Mário Reis respondeu que, “num mercado como o europeu, onde a liberdade dos preços é praticamente total e a liberalização é ‘rainha’, é muito difícil andar para trás. A liberação do preço do peixe é daquelas decisões que muito dificilmente se volta atrás. A não ser que houvesse um cataclismo ou coisa no género. E, depois, eu não acredito que o governo esteja interessado em andar para trás”, referiu.

“A pressão da indústria e dos intermediários é muito forte no sentido de liberalizar os preços. E são, sobretudo, os intermediários que levam o grosso da fatia do preço”.

Mário Reis deixou claro que a ACRA está atenta à relação de preços entre a compra na lota e a venda ao consumidor nos Açores e assegurou que a associação “vai comparar os preços do pescado antes da liberalização com os preços praticados depois da liberalização”. Só que, como afirmou, ainda não fez esta análise por “dificuldades em termos de recursos humanos e financeiros”.

Acabou por dar um exemplo que é bem elucidativo em relação aos preços que se praticam no Continente e os preços que se praticam nos Açores. “O salmão está no mercado em São Miguel a 14, 15 e 16 euros e no Continente está a 7,8 e a 9 euros. Mas estou só a falar de um exemplo. Mas ainda há mais…”.

O presidente da ACRA não quis adiantar-se nesta questão enquanto não tiver mais dados proporcionados pelo trabalho que a associação pretende desenvolver.
O facto é que, por email, por carta e pessoalmente, têm chegado ao ‘Correio dos Açores’ queixas sobre o preço elevado do peixe no mercado de Ponta Delgada quando, na lota, é comprado a preços muito mais baixos.

Jornalistas do ‘Correio dos Açores” têm feito diligências para apurar junto dos compradores de peixe na lota, alguns dos quais vendem também o peixe ao consumidor e mesmo junto de alguns comerciantes as razões para a grande discrepância entre o preço de compra na lota e de venda ao consumidor e chega-se à conclusão que uns empurram para os outros as culpas por o consumidor estar a comprar o peixe muito caro.

Os consumidores ficam incrédulos perante os preços de algumas espécies de pescado no mercado micaelense. Ainda ontem um repórter fotográfico micaelense publicou na sua página do facebook uma foto com preços de peixe em que aparece o pargo a 12.99 euros o quilo (quando a média do preço na lota é de 10.89 euros); e o Sargo a 11.99 euros o quilo (quando a média dos preços da lota dos últimos quatro dias foi de 3.47 euros.

Sabemos que a classificação da lota é para sargo e sarguete e que, portanto, há sargos que podem atingir um preço acima do preço médio. Mas esta oscilação dificilmente explicará os 11.99 a que o sargo está no mercado. E o pargo a 12.99 euros pode resultar de o peixe já estar há algum tempo nos frigoríficos do comerciante e ser necessário vendê-lo rapidamente. Mas, mesmo assim, a esmagadora maioria dos consumidores açorianos não tem meios financeiros para comprar peixe a este preço.

Apenas uma referência para o preço do ‘chicharro do alto’ que, este, esteve na lota a um preço médio de 1.93 euros e o chicharro esteve, este ano, até agora, a um preço médio de lota na ordem dos 4.12 euros.

Fonte: J.P. / Correio dos Açores

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