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Velejadores do CNH aprendem com Genuíno Madruga, visitando o restaurante e o barco deste navegador
Os velejadores da Escola de Vela do CNH ouviram com muita atenção o navegador Genuíno Madruga, uma enciclopédia falante.
Genuíno Madruga, que já foi Presidente da Direcção do Clube Naval da Horta, (CNH) é um homem viajado, um pescador experiente, um navegador famoso, um velejador reconhecido e um cidadão universal, com muitas histórias para partilhar após as duas voltas ao Mundo que fez a bordo do seu “Hemingway”. Portanto, nada mais natural do que os atletas da Escola de Vela do CNH terem passado a tarde deste sábado, dia 14, a aprender com quem sabe: primeiro no restaurante, repositório de lembranças das viagens, e depois no veleiro, companheiro de lágrimas, suor e vitórias! Os pormenores com Duarte Araújo, Treinador de Vela Ligeira do CNH.
Foram 16 os velejadores do Clube Naval da Horta (CNH) que, na tarde deste sábado, dia 14, embarcaram na aventura de conhecer um dos maiores navegadores dos Açores, de Portugal e do Mundo: o famoso Genuíno Madruga, nascido nas Lajes do Pico, mas desde há muito residente na vizinha ilha do Faial.
Estamos a falar do navegador que deu duas voltas ao Mundo: uma em Vela e outra em Solitário, tendo a primeira decorrido entre 28 de Outubro de 2000 e 18 de Maio de 2002, com passagem pelo Canal do Panamá, e a segunda de 25 de Agosto de 2007 a 06 de Agosto de 2009, com passagem pelo temível Cabo da Ilha de Horn (extremo austral do Continente Sul-Americano), no sentido Este-Oeste.
Este homem simples, mas rico e enriquecedor, fez-se ao mar pelas 09 horas do dia 28 Outubro de 2000 na concretização de um sonho e desafio que acalentava há muitos anos: circum-navegar o planeta a bordo do seu veleiro em fibra de vidro, com 11,1 metros, que baptizou como “Hemingway”, e que adquiriu na Alemanha, em Novembro de 1999.
Genuíno Madruga é mais conhecido por ter sido o primeiro Português a dobrar o Cabo Horn, a 24 de Janeiro de 2008, navegando do Atlântico para o Pacífico, e o décimo lobo do mar a fazê-lo na história mundial da navegação à vela em solitário.
Em 1975 teve o seu primeiro encontro com o escritor picoense Dias de Melo e foi também nesse ano que conheceu Marcel Bardiaux, protagonista de incríveis aventuras, tendo sido o 1º navegador a passar o Cabo Horn de Leste para Oeste, construtor do primeiro iate insubmersível em aço inox, com 4 voltas ao Mundo e 2 vezes feito prisioneiro pelos alemães na última Grande Guerra. Em 1998, deu-se o reencontro com Marcel Bardiaux, quando este contava já 88 anos.
Conheceu pessoalmente muitos dos “aventureiros” que marcaram a história da Vela no século XX, tais como Francis Chichester e Éric Tabarly, mas foi Marcel Bardiaux quem exerceu maior influência sobre Genuíno Madruga, ao longo das várias escalas que fez na Horta, enquanto o pescador ia amealhando economias para concretizar o seu objectivo de circum-navegar o globo terrestre.
Genuíno Madruga criou uma nova maneira de estar na navegação, fazendo de ponte permanente entre os portugueses e o mundo, com a realização de directos, durante toda a viagem, para a rádio local da Ilha do Faial, Antena 9.
Na senda dos bravos navegadores portugueses, fez questão de levar Portugal mais longe. Em cada porto realizou palestras, visitou locais de interesse histórico-cultural e transmitiu as sensações vividas para a sua Ilha, a sua Região e o seu País. Não esquecendo o seu passado de mestre pescador, em cada novo sítio auscultou os pescadores, tentando obter informações sobre as artes tradicionais, as espécies capturadas e outras curiosidades culturais. Simultaneamente, foi transmitindo os saberes açorianos e as formas de capturar pescado no Arquipélago dos Açores.
Em 2002, quando terminou a sua primeira viagem, foi homenageado pela Assembleia Legislativa da Região Autónoma dos Açores, pelas Câmaras Municipais de vários Concelhos dos Açores, incluindo as do Faial e Pico, e por outras entidades.
No dia de Portugal, de Camões e das Comunidades, a 10 de Junho de 2003, foi agraciado pelo Presidente da República Portuguesa, Jorge Sampaio, com o grau de Comendador da Ordem do Infante D. Henrique.
No dia 10 de Junho de 2009, foi editado o CD “Genuíno” constituído por músicas e poesias alusivas às viagens de circum-navegação deste navegador, entre as quais figura o poema propositadamente escrito por Dias de Melo, pouco antes de falecer.
Em 2011, publicou o livro “O Mundo que eu Vi”, editado também em língua inglesa, com o título “The World as I Saw It”, apresentado em diversos locais a nível mundial.
O relato desta tarde passada com Genuíno Madruga, que também já foi Presidente da Direcção do Clube Naval da Horta de 2003 a 2005 (instituição que ostenta à entrada duas placas com os feitos deste mítico velejador), foi feito pelo Treinador da Escola de Vela Ligeira do CNH, Duarte Araújo:
“Começámos no restaurante do Genuíno, onde este aventureiro tem os artefactos que foi colecionando ao longo das suas duas viagens, com as histórias que os acompanham e, no final, passámos pelo barco a fim de todos ficarem a conhecer o local onde este mítico navegador passou mais de 40 meses em solitário.
Desde que vim para a ilha do Faial, e por gostar tanto das aventuras que os navegantes que por aqui passam têm para partilhar, sempre procurei dar aos alunos da Escola de Vela do Clube Naval da Horta a oportunidade de interagirem com esses lobos do mar. E esse objectivo tem sido cumprido durante o último ano, tendo em conta que os velejadores do CNH têm realizado uma série de visitas a alguns dos barcos e tripulações que escalam o Porto e a Marina da Horta.
No caso concreto do Genuíno Madruga, a ideia surgiu quando a Escola de Vela do Clube foi convidada para uma palestra de um navegador português que se encontrava de passagem pela Horta. No entanto, como na altura a oportunidade não era a melhor, procurei compensar essa actividade com um velejador a sério da “casa”. O Genuíno é uma personagem incontornável na Vela Nacional e uma referência do Faial no Mundo. Como tal, tinha de acontecer alguma vez… e aconteceu agora!
Participaram 16 velejadores da Escola de Vela, o Treinador e o Monitor. Parte dos atletas já tinha tido a oportunidade de visitar o barco do Genuíno e de assistir a algumas palestras do conhecido navegador na Escola ou noutras instituições da cidade, mas desta vez tiveram uma palestra muito pessoal e vocacionada para velejadores. Ficaram muito contentes com as histórias partilhadas e participaram bastante e de forma muito interessada.
Considero que aprenderam muita coisa importante para a vida pessoal e enquanto velejadores. O Genuíno teve a amabilidade de partilhar com todos a sua vasta experiência, deixando algumas dicas para quem se aventurar por aí fora. Certamente que esta iniciativa terá um reflexo na vida pessoal de cada um.
O Genuíno é um cidadão muito querido no Faial, nos Açores, na comunidade náutica nacional e pelo mundo fora. Nem todos tinham consciência das dificuldades e do feito realizado, mas durante a palestra foram elucidados, apresentando questões importantes.
Sendo a Marina da Horta uma localização importantíssima da náutica mundial, fervilhando de intensa actividade em muitos meses do ano, estas iniciativas aproximam a realidade náutica de cruzeiro, assim como as histórias que trazem de todo o mundo, às realidades de uma pequena ilha no meio do Atlântico. Nada melhor do que estrangeiros que dão valor ao Faial para os locais perceberem o privilégio que têm. No caso do Genuíno, é um homem da casa, mas que correu o mundo inteiro, duas vezes, e que tem uma grande qualidade de vida no Faial. Ver, ouvir e tocar é melhor do que ler, imaginar e sonhar.
Este tipo de actividade ajuda estes velejadores a crescer, contribuindo para a sua formação. É esse o objectivo: apresentar-lhes várias realidades. Não significa que tenham de as seguir, mas é importante conhecê-las, por forma a que possam construir a sua base de valores, e posso garantir que não têm desporto algum com uma base mais completa do que a Vela”.
Fotos: CNH
Fonte: CNH