Social
Empresa YDreams que trazia “valor estratégico” para os Açores está em processo de falência

Empresa YDreams que trazia “valor estratégico” para os Açores está em processo de falência

A multinacional tecnológica portuguesa YDreams, que tem uma empresa nos Açores, está em processo de falência.

A empresa de António Câmara, que há três anos fazia furor no mercado, está neste momento com 17,9 milhões de euros de dívidas a 180 credores e entrou com um pedido de Processo Especial de Revitalização (PER), como avançado pela Exame Informática.

Já em Setembro de 2011 chegavam os primeiros indícios do pesadelo, com alguns colaboradores a queixaram-se de salários e subsídios de férias em atraso. A YDreams facturava então 10 milhões de euros.

A empresa acumulou prémios internacionais e era uma das mais conceituadas tecnológicas portuguesas.

Estendeu-se aos Açores em 2011, assinando um memorando de entendimento com a APIA, numa cerimónia em que o então Secretário Regional da Economia, Vasco Cordeiro, classificava de muito útil para a região. Mediante esse acordo, a YDreams comprometia-se a criar uma empresa nos Açores para desenvolver projectos de investigação, particularmente dirigidos às energias e robótica marinha.

Na assinatura do compromisso, Vasco Cordeiro, sublinhou tratarem-se de áreas de “grande valor” e de “grande potencial estratégico” para o arquipélago.

Além disso, “a instalação da YDreams nos Açores, sendo feita através da criação de uma nova empresa e não apenas pela extensão de uma das suas filiais já existentes, vai provocar um efeito de arrastamento na promoção e divulgação das potencialidades da Região, em especial junto dos mercados onde existe grande propensão para o investimento nestas novas áreas económicas”, considerou. Segundo disse Vasco Cordeiro, o projecto anunciado pela multinacional para o arquipélago prevê a criação de 25 postos de trabalho qualificados e a realização de um volume de vendas anual estimado em cinco milhões de euros.

A empresa está agora em grandes dificuldades, mas o seu CEO, António Câmara, diz-se apostado em revitalizar a empresa, dando-lhe a volta por cima.

A YDreams chegou a criar nos Açores, em 2012, uma spin-out, a Azorean, que tem como visão desenvolver as ferramentas do futuro para a exploração dos oceanos. E foi a partir dos Açores que nasceu a ideia de criar uma nova geração de gadgets aquáticos, da qual o ZiphiusTM foi o primeiro exemplo. O Ziphius TM, o primeiro drone aquático controlado por uma app, ganhou o primeiro prémio de escolha dos juízes e do público na edição dos prémios Engadget Insert Coin e conseguiu o financiamento pretendido no Kickstarter em Julho de 2013.

No topo dos maiores credores destaca-se o Novo Banco (sucessor dos negócios mais promissores do BES), com um total de 7,751 milhões de euros. Se somarmos o Fundo de Capital de Risco para Investidores Qualificados ES Ventures II, que é credor, enquanto acionista, de 944 mil euros, conclui-se que quase metade da dívida envolve entidades do Grupo Espírito Santo, segundo contas do “Expresso”.

Apesar de ser credor da maior fatia da dívida, o Novo Banco não é a única entidade bancária credora da Ydreams: na lista constam igualmente o BCP (1,467 milhões de euros); a Caixa Geral de Depósitos (1,693 milhões de euros); o BIC, com 363 mil euros; a Parvalorem, empresa que gere os ativos tóxicos do “antigo” BPN; a Lisgarante (393 mil euros); e a empresa mutualista Garval (198 mil euros). No Estado, é o Instituto da Segurança Social o maior credor, com um total de 1,417 milhões, sendo seguido pela Autoridade Tributária e Financeira, com 100 mil euros.

O que vai acontecer à Ydreams, às spin-offs (incluindo a dos Açores) e respetivos produtos futuristas? Só os credores poderão responder, conclui o semanário lisboeta.

Fonte: Diário dos Açores

Deixe um Comentário