-
Procissão e Cortejo Náutico Nossa Sra da Guia na cidade da Horta - 30 de Julho, 2024
-
Fecho da quota de pesca de Atum-Patudo - 8 de Maio, 2024
-
Aviso de fecho da quota de bycatch de Atum Rabilho - 8 de Maio, 2024
-
Capturas acessórias de atum patudo - 26 de Abril, 2024
-
Restrições ao exercício da pesca dirigida ao atum-patudo - 26 de Abril, 2024
-
Fecho da quota de Atum Rabilho - 18 de Abril, 2024
-
Pescadores dos Açores estão preocupados com novas áreas marinhas protegidas e pedem revisão - 31 de Agosto, 2023
-
Semana do Mar 2023: Cortejo Náutico Nossa Senhora da Guia - 4 de Agosto, 2023
-
Fecho da quota do Espadarte - 7 de Junho, 2023
-
Fecho da pesca de Atum Patudo - 2 de Junho, 2023

Açores: Procura turística pelos naufrágios deve ser controlada e fiscalizada para haver equilíbrio entre sectores
De acordo com Ana Catarina Garcia, a formação deve ser extensível, também, às autoridades marítimas, no sentido de incentivar os navegadores a adotarem boas práticas quando estiverem perto de património subaquático relevante.
Formar operadores turísticos e autoridades marítimas é, na opinião de Ana Catarina Garcia, um passo importante para a proteção do património subaquático dos Açores.
A crescente procura turística pelo património subaquático açoriano deve motivar uma preocupação maior com a fiscalização. A opinião é de Ana Catarina Garcia, arqueóloga que esteve ligada ao processo de classificação do parque arqueológico subaquático da baía de Angra do Heroísmo.
“Não podemos negligenciar o controlo daquilo que é a afluência de pessoas não formadas ou sem serem direcionadas para um espaço onde há património por todo o lado. Não vou dizer que as visitas têm de ser controladas, mas obviamente uma boa articulação com os promotores de turismo – que já ocorre, obviamente, e agora tem-se dado muito apoio a essa componente”, afirmou. A especialista defende, acima de tudo, um maior esforço formativo, nomeadamente aos operadores marítimo-turísticos.
“Quem leva os mergulhadores [aos locais dos naufrágios] são também os responsáveis por um espaço que, no fundo, é o seu ganha-pão. Portanto, aqui em Angra parte também um bocadinho dessa consciência e, se calhar, as ações de formação e de sensibilização de que o que se vê não é para se mexer, porque estar a tirar as coisas do sítio obviamente altera a ordem e o equilíbrio. Acima de tudo é um dano”, avançou, de acordo com informação disponibilizada pelo Diário Insular.
De acordo com Ana Catarina Garcia, a formação deve ser extensível, também, às autoridades marítimas, no sentido de incentivar os navegadores a adotarem boas práticas quando estiverem perto de património subaquático relevante.
“As autoridades marítimas [podem ter] também, se calhar, um esforço aí no envolvimento de todas elas e na formação dos próprios agentes, do que é uma boa conduta. O controlo, por exemplo, do lançar das âncoras ou dos ferros das pequenas embarcações em cima dos sítios como o Lidador, que pode causar, efetivamente, danos na estrutura de ferro. Este tipo de pormenores que quem está à frente do património sabe que são aspetos que podem parecer comezinhos, mas que são de extrema importância em termos de preservação dos sítios”, explicou.
Turismo em terra e no mar
A arqueóloga do Centro de Humanidades da Universidade Nova de Lisboa falava à margem das III Jornadas de Arqueologia Subaquática na Macaronésia, em que participou, também, Nzinga Oliveira, da mesma instituição.
A especialista, que falou aos participantes sobre arqueologia no porto de Ponta Delgada, sustentou que os projetos de investigação em torno do património subaquático podem potenciar o turismo, não só o de mergulho, mas também aquele que se faz em terra. “Os projetos podem ser variados e são sempre uma mais-valia para o turismo, não só subaquático. Estas zonas são uma interação entre o que se passava em terra e o que se passava no mar. Portanto, também as áreas em terra que estão na interface são de extrema importância e se nós fizemos projetos ou tivermos a atenção de explicar e de fazer visitas guiadas que contextualizem toda a zona de património, torna-se, muito interessante”, disse.
O bom exemplo da Horta
Coube a José Bettencourt analisar o caso da arqueologia no porto da Horta. O arqueólogo que participou no processo de edificação do terminal portuário daquela cidade, entende que aquela foi uma boa experiência no que diz respeito à minimização dos impactos da obra sobre o património arqueológico. Trata-se, avançou, de um exemplo ao nível nacional.
“Foi complexo porque tivemos de articular uma obra com a necessária minimização dos impactos ao nível arqueológico, mas correu bem porque todas as partes envolvidas no processo compreenderam: nós compreendemos que a obra tinha de ser realizada, o empreiteiro e o dono da obra compreenderam que nós tínhamos de fazer a minimização do impacto e tínhamos de salvaguardar o máximo de material e de documentação possível sobre os vestígios arqueológicos existentes sobre a zona de implantação do projeto, a tutela moderou esse processo e, por isso, é um caso de sucesso”, afirmou, segundo referiu o mesmo matutino.
Fonte: Correio dos Açores